Activistas angolanos pedem a declarantes que boicotem o tribunal

Januário Domingos José, juiz

Consideram a ida ao tribunal legitimadora da farsa.

Os activistas angolanos em prisão domiciliária pediram aos declarantes que aparecem no alegado Governo de Salvação Nacional que não compareçam ao Tribunal Provincial de Luanda.

A todos, pedem também que produzam um video de 30 segundos a dizer a razão da sua posição.

“Vocês são pessoas idóneas, bem conhecidas da sociedade angolana e não merecem o vexame público a que foram sujeitos com a intimação feita via imprensa pública, manchando de forma absolutamente deliberada o vosso bom nome e reputação”, escrevem os 14 réus para justificaram o seu pedido.

Para os denominados revús, “depois dos esclarecimentos do jurista Albano Pedro, insistir na vossa presença não tem outro intuito senão o de vos humilhar simples e unicamente”.

A ida ao tribunal, na óptica dos subscritores da carta “será legitimadora da farsa, por isso, em nome da cidadania que queremos todos reforçar, exultamo-vos a um acto de continuada desobediência civil”.

Por isso,”não compareçam”, reiteram os activistas que revelam que o padre

Pio Wacussanga “tem sido vítima de perseguições na sua província de origem por ter sido indevidamente associado ao caso”.

Activistas angolanos em tribunal no primeiro dia de julgamento em Luanda. Angola, Nov 16, 2015

Um video de 30 segundos com “declarações públicas das razões do vosso boicote” é solicitado aos declarantes, a quem os réus pedem que sigam o exemplo de José Patrocínio, Justino Pinto de Andrade, Makuta Nkondo e Marcolino Moco.

Aos declarantes que já se fizeram presentes, “por respeito à ordem de um órgão de soberania (que não é digno de vénia), por solidariedade a nós, réus e protagonistas forçados nesta mascarada, ou por qualquer outro motivo, que façam também um vídeo de 30 segundos apoiando a iniciativa que pedimos aos primeiros”, continuam.

A terminar a carta, os activistas dizem que “chega de vandalizar as instituições que estão ao serviço da Nação e do soberano povo angolano” e pedem “resistência à decadência” e “liberdade já”.

Refira-se que o juiz Januário Domingos José renovou a prisão domiciliária por mais dois meses.

Nito Alves, que se encontra em prisão efectiva, não assinou a carta enviada ontem.

O julgamento é retomado nesta terça-feira, 23, em Luanda.