Activistas angolanos agredidos processam comissário-geral da polícia

Comandante Geral da Polícia Ambrósio de Lemos

Activistas dizem que vão regressar às ruas

Os activistas angolanos reprimidos na sexta-feira, 24, pela Polícia Nacional quanto tentavam pedir a demissão do ministro da Administração do Território por ser também o segundo nome da lista do MPLA às eleições vão responsabilizar o comandante geral Ambrósio de Lemos pela agressão que sofreram por parte dos agentes da corporação no Largo Primeiro de Maio.

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Manifestantes vão apresentar queixa crime contra comandante da polícia angolana - 2:31

Cinco deles foram gravemente feridos.

Emiliano Catombela, um dos assinantes da solicitação da manifestação, muitas outras acções ainda serão levadas a cabo para pedir a demissão do ministro.

Emiliano Catombela, um dos agredidos pela polícia

“Vamos continuar a surpreender” disse Catombela, enquanto o activista e rapper Luaty Beirão reitera que, desde 2012, já apresentaram várias queixas-crime sem qualquer resposta, mas garante que não vão se cansar

“É cansativo mas é preciso continuar a persistir”, admitiu Beirão.

Um relatório publicado pelos organizadores da manifestação sobre as agressões da polícia, em Luanda, indica que Nélson Dibango foi brutalmente atingido na nuca com um porrete, assim como Hitler Samussuco.

Dago Nivel e Luaty Beirão foram feridos nas pernas e nas mãos por cães da chamada brigada canina, enquanto Emiliano Catombela e Arante Kivuvu têm vários hematomas no corpo.

Luaty Beirão atacado por cão policial

Em relação ao estado de saúde dos activistas, Luaty Beirão reconhece ser mais privilegiado do que os outros ao conseguir tomar a vacina antirrábica, mas outros não têm acesso à vacina por ser muito cara e não estar disponível no serviço público de saúde.

“O preço não está à altura e não está à altura de qualquer bolso em Angola”, lamentou Beirão, que espera que nada aconteça aos colegas.

A VOA contactou o inspector-chefe Mateus Rodrigues, porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional e da delegação do Ministério do Interior, que nos remeteu para o subcomissário Orlando Bernardo, porta-voz do Comando-Geral da Polícia Nacional.

Este, por sua vez, alegou não estar a trabalhar.

Até ao momento nenhum partido político, nem o Governo se pronunciaram sobre os acontecimentos da passada sexta-feira.