O Governo de Cabo Verde e a União Europeia (UE) chegaram a um acordo no domínio das pescas em que, durante cinco anos, em troca de 750 mil euros, barcos europeus podem pescar até oito mil toneladas nos mares cabo-verdianos.
O primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva afirma que o acordo tem como base o desenvolvimento do sector e da economia azul, mas há muitas vozes que dizem que o documento não serve os interesses de Cabo Verde.
Na óptica do Chefe do Governo, o acordo vai permitir a modernização das actividades de pesca, formação, capacitação técnica e operacional e segurança dos pescadores cabo-verdianos.
Correia e Silva adianta também que o mesmo visa criar condições para atrair o investimento externo no sector das pescas.
Apesar da melhoria na compensação financeira, o antigo ministro da Economia e consultor Avelino Bonifácio afirma que o presente acordo não serve os reais interesses do país.
Acordo deficiente
O economista afirma que que seria preferível deixar os barcos da UE pescar livremente e Cabo Verde obter programas de financiamento directo que permitisse os armadores nacionais investirem na aquisição de embarcações com capacidade para pescar nas melhores condições e segurança.
“Julgo que isso traria mais benefícios económicos e emprego no sector das pescas”, realça o antigo ministro.
Por sua vez, o antigo Capitão dos Portos de Sotavento, João de Deus Carvalho e Silva, considera que o novo acordo traz melhores compensações financeiras em relação ao anterior, embora reconheça que se pode sempre melhorar mais para a satisfação das duas partes.
Outro aspecto ressalvado por esse analista, prende-se com a possibilidade de o país ter fiscais e investigadores nacionais nas embarcações da União Europeia a pescar nas águas territoriais do arquipélago.
O novo acordo entra em vigor no próximo ano.