Uma consultoria encomendada pelo Governo moçambicano reforça a tese, defendida por especialistas, de que as desigualdades sociais, a falta de políticas públicas redistributivas e de emprego, sobretudo para jovens, são algumas das causas do conflito em Cabo Delgado.
Encomendada pela Agência para o Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), a consultoria foi liderada pelo jurista e consultor, Abdul Carimo, diz que sem a promoção de acções inclusivas para o desenvolvimento das comunidades, vai ser difícil erradicar o extremismo violento em Moçambique.
Veja Também Polícia moçambicana confirma morte do líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo"Sem a eliminação das desigualdades sociais, a paz estará sempre ameaçada em Moçambique", alerta Abdul Carimo, antigo governante, para quem, a paz que se vive no país, "tem alguns soluços, como são os problemas em Cabo Delgado e na zona centro".
Para aquele consultor, uma paz efectiva passa, fundamentalmente, por uma verdadeira reconciliação nacional e pela reconstrução do contrato social entre o Estado e a população, através da criação de condições para o acesso justo a serviços públicos.
O sociólogo João Feijó lembra que um recente estudo do Observatório do Meio Rural concluiu que muitos jovens integram o movimento jihadista em Cabo Delgado, por causa do ódio ao Governo, devido à falta de oportunidades, sobretudo de empregos.
Veja Também Cabo Delgado: Autoridades anunciam a reconstrução de infraestruturas vandalizadas por terroristasPor seu turno, o investigador Fernando Cardoso entende que a zona norte de Moçambique vive uma situação de conflitualidade, que não resulta apenas da guerra jihadista.
Existem, na opinião dele, outros factores que têm a ver com a actuação do Governo, relativamente à resolução dos problemas dos camponeses".
Entretanto, em alguns círculos de opinião, a realização da consultoria sobre a situação em Cabo Delgado é vista como positiva porque pode ajudar a desconstruir a narrativa governamental de que se trata apenas de uma agressão externa.