"A falta de apoio financeiro mata o nosso rap," Jay Arghh

  • Danielle Stescki

Jay Arghh, cantor moçambicano

O vídeo da música "Boa Life" de Jay Arghh, com participação de Carmen Chaquice, estreiou no YouTube no dia 10 de dezembro, e já tem mais de 16 mil visualizações. "Boa Life" faz parte do EP "Yasuke", lançado no dia 6 de setembro com oito faixas musicais.

Em entrevista à Voz da América, o cantor falou sobre diversos assuntos, tais como o seu mais novo trabalho, o reconhecimento internacional com a música "Carlitos", os planos para o futuro, e muito mais.

Boa Life é apenas a primeira música do EP a ter vídeo, porque Jay Arghh revelou que a intenção é fazer mais. O rapper mal pode esperar para voltar aos palcos em 2021.

"Yasuke" veio recheado de participações especiais, entre elas Hernani, Hot Blaze e Stefânia Leonel. O EP já está disponível em várias plataformas digitais.

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"A música moçambicana precisa de mais investimento," Jay Arghh

No ano passado Jay Arghh ficou em segundo lugar no maior concurso africano de música, Afrimusic Song Contest, com a faixa musical "Carlitos". Ser reconhecido internacionalmente foi uma vitória para o rapper, que recebeu mais de 500 mil votos no concurso.

Para Jay Arghh, falta apoio logístico e financeiro para que a música moçambicana seja consumida internacionalmente. O cantor gostaria que houvesse mais investimento para que o artista não precisasse limitar os seus sonhos por falta de dinheiro.

"Eu até hoje não tenho o vídeo da música Carlitos porque seria um vídeo muito exigente, uma espécie de filme. E é isso que estraga a arte em Moçambique. Como músico, tenho que limitar os meus sonhos por falta de dinheiro."

No que toca ao consumo doméstico, os desafios ainda são grandes. Por ser um país menor do que os Estados Unidos e o Reino Unido, a venda de 1000 CDs é considerada um sucesso. Além disso, a maioria dos moçambicanos tem um baixo poder de compra, o que dificulta a venda de ingressos para shows e turnês. Sobreviver de hip hop ainda é um sonho no país .

Sobre a produtora Sameblood, Jay Arghh contou que depois que foi para ela teve acesso a grandes lendas da música moçambicana, além de ter a oportunidade de aprender e colaborar com diversos artistas que representam Moçambique.

Planos para o futuro

Se alguém tinha alguma dúvida sobre o futuro do New Joint, o rapper foi peremptório. O grupo não vai acabar.

"Fizemos em 2019 três vídeos e várias participações internacionais com artistas como Big Nelo, C4 Pedro, Mark Exodus e Cizer Boss".

O grupo também gravou o primeiro videoclipe fora de Moçambique.

Agora o que todos esperam é que com a vacina do coronavírus as coisas voltem a uma certa normalidade.