Abandonar o governo de transição  - 2005-01-13

Na Republica Democrática do Congo, os ex-rebeldes apoiados pelo Uganda ameaçaram ontem abandonar o frágil governo de transição congoles.

A ameaça foi feita precisamente na altura em que o presidente sul africano Thabo Mbeki se encontrava na capital Kinshasa para conversações com os lideres políticos congoleses versando o frágil processo de paz.

Thabo Mbeki, um dos lideres africanos mais envolvidos na busca de soluções para os conflitos que ainda assolam o continente africano, chegou a capital Kinshasa para tentar dinamizar o acordo de paz naquele pais africano, mergulhado nos últimos tempos num impasse.

Mas apesar de Mbeki ter-se inteirado da situação, nos encontros mantidos com o presidente congoles, Joseph Kabila e com os quatro vice-presidentes do pais,poucos foram os avanços conseguidos na resolução da crise que compromete para já as eleições agendadas para Junho próximo.

Instantes depois de ter reunido com o presidente sul africano, o líder do principal grupo rebelde, o movimento de libertação do Congo, apoiado pelo Uganda, Jean Pierre Bemba ameaçou retirar-se do governo de transição a menos que progressos substanciais sejam alcançados ate fins do mês em curso.

Bemba acusou os colaboradores do presidente Joseph Kabila de bloquearem e de retardarem a implementação do acordo de partilha do poder que deveria ter entrado em vigor em 2003 e que pôs fim à guerra de cinco anos, que contou com o envolvimento de países vizinhos, nomeadamente, Angola, Zimbabwe, Uganda, Ruanda, Namíbia e que custou a vida a três milhões de pessoas.

Aquele líder rebelde disse ainda que a sua acusação nada tem a haver com o recentimentos ligados ao recente afastamento de um membro do seu movimento e do governo de transição, acusado de corrupção.

Bemba exigiu a imediata reforma das forcas de segurança, da administração local e das empresas publicas, reformas por sinal acordadas mas que nunca chegaram a ser implementadas.

O líder do Movimento de Libertação do Congo, no governo de transição, advertiu ainda que caso as exigências não forem cumpridas com a celeridade requerida, as eleições agendadas para Junho próximo poderão a partida serem adiadas.

A tensão política aumentou nos últimos tempos, depois do responsável pela comissão eleitoral ter aventado a hipótese de adiamento das eleições, facto que despoletou uma onda de violentos protestos na capital Kinshasa.

No fim das conversações de ontem, com o presidente sul africano Thabo Mbeki, Jean Pierre Bemba anunciou que vai regressar a base do seu movimento em Gemena.

Os críticos deste líder rebelde, próximos do presidente Kabila, acusam-no de bloquear o processo de paz na Republica Democrática do Congo e o vice-presidente congoles, Abdoulaye Yerodia disse aos jornalistas que Pierre Bemba e os seus apoiantes representam o fantasma do mobutismo, numa clara referencia a corrupta ditadura de Mobutu Sese Seko que governou aquela pais durante 30 anos.

Mas de acordo com analistas independentes, a responsabilidade pela degradação da situação política no Congo deve em parte ser atribuída à incapacidade do presidente Joseph Kabila de controlar as varias facções que integram o governo de transição.

Os analistas adiantam ainda que o jovem presidente de 30 anos de idade tem dado uma imagem de fraqueza, ao chamar com frequência, o presidente sul africano, Thabo Mbeki sempre quando se encontrar a braços com uma crise interna no seu governo.