Cerca de três milhões de africanos  - 2004-11-23

Um novo relatório das Nações Unidas sobre a epidemia da Sida, revela que África continua a ser o continente mais afectado pela doença, com incidência dos casos de infecção nas mulheres. Para o efeito, a ONU instou os lideres africanos a despenderem mais verbas nos programas de combate da doença.

De acordo com o relatório, cerca de três milhões de africanos passaram a engrossar a lista dos infectados pelo vírus Hiv, causador da Sida, enquanto dois milhões de pessoas morreram da doença em 2004, no continente.

Estes números foram apresentados em conferencia de imprensa na capital queniana, Nairobi pelo director da equipa para a Africa,da Agencia das Nações Unidas para o combate da Sida,Mark Stirling.

“Claramente região subsaariana de África vai continuar a ser a região mais afectada do mundo no quadro dos 25 pontos quatro milhões de pessoas infectadas pelo vírus. E o que reconhecemos e o facto da África, que tem 10 por cento da população mundial ser também o continente com 64 por cento, ou seja dois terços dos infectados pela doença no mundo. Portanto, estamos perante uma situação desproporcional e preocupante para quem nasce nesse continente.”

Aquele funcionário da ONU revela ainda que a epidemia tem atingido proporções alarmantes sobretudo entre as mulheres africanas. O relatório realça do facto de três quartos das mulheres infectadas no mundo com o vírus Hiv causador da sida, viverem em África. Sessenta por cento dos casos de infecção pelo vírus em África são mulheres. O relatório revela ainda que os jovens entre os 15 aos 24 anos, 75 por cento dos infectados pelo vírus são raparigas ou mulheres.

A representante da forca tarefa das Nações Unidas para a Sida no seio das mulheres, Bella Matabanadzo diz que as jovens mulheres africanas são particularmente vulneráveis devidos em parte a pouca influencia que tem nas sociedades africanas dominadas pelos homens.

“Se e jovem, com 15 anos, e obrigada a casar-se... e que poderes ou direitos tem nessa relação para dizer não ? Dizer ao parceiro, gostaria que usasses o preservativo. Ainda hoje, existem mulheres que são espancadas, por tomarem comprimidos anti concepcionais. Existem mulheres que são espancadas por pedirem ao parceiro que usem o preservativo. Como se pode assim praticar sexo seguramente ?”

Mark Stirling salienta por seu lado que o grande desafio dos governos africanos, passa necessariamente pela canalização de mais verbas financeiras para os programas de prevenção da Sida.

Para este funcionário da Agencia da ONU, para o combate a Sida,os lideres africanos deveriam servir de exemplo as suas próprias sociedades, através de um simples gesto ... o de submeterem aos testes da Sida.

“Teriam que ser todos os lideres opinião. Políticos, lideres governamentais, lideres do sector privado e industrial, os artistas de entretenimento, os lideres religiosos, os lideres locais... Todos nos precisamos dar exemplos fortes da nossa liderança, realizando os testes de sida.”

O relatório das Nações Unidas, conclui entretanto que em alguns países da África Oriental, nomeadamente na Etiópia, Burundi, Kenia e o Uganda têm se registado um certo declínio no numero de pessoas infectadas pelo vírus causador da sida.

No que se refere à África Ocidental, revela o relatório a situação continua entretanto inalterada. A África Austral e em particular a África do Sul, continua sendo a região com o maior índice de casos de infecção pela doença, com cerca de cinco milhões e meio de infectados.