Prémio Nobel da Paz - 2004-10-13

Wangari Maathai diz estar extremamente feliz por ter sido galardoada com o prestigioso prémio Nobel da paz, pelo seu activismo na defesa do meio ambiente em África.

A citação do comité do Nobel diz que Maathai é uma voz forte que fala pelas melhores vozes de África na promoção da paz e na melhoria das condições de vida no continente.

Maathai falou à VOA de sua casa em Nyeri, perto do Monte Quénia.

“Sinto-me excitada. Estou muito feliz e agradecida a todos os que fizeram este caminho comigo.”

E tem sido um caminho difícil para Maathai, de 64 anos de idade, que lançou há cerca de 30 anos o movimento da Cintura Verde. O seu objectivo era o de mobilizar as comunidades locais para proteger as florestas do país, ameaçadas por construtores de casas, aumento populacional, o corte de árvores. Até hoje, o movimento plantou cerca de 30 milhões de árvores.

Em 1989, o activismo de Maathai provocou a ira do antigo presidente Daniel Arap Moi, com quem ela se confrontou sobre o direito de construir apartamentos de luxo, e uma estátua dele próprio, com a altura de um prédio de seis andares no Parque Uhuru, o único espaço verde de Nairobi.

Cerca de uma década mais tarde, Maathai envolveu-se numa outra guerra com Moi, que apoiava de novo a construção de um projecto habitacional de luxo na floresta de Karura. Durante o protesto para parar a construção, para impedir que os buldozers deitassem as árvores abaixo, Maathai ficou ferida na cabeça, quando cerca de 200 homens, alegadamente contratados por Moi, atacaram os manifestantes com bastões.

Maathai assinou então a queixa policial com sangue das suas próprias feridas.

Maathai não conseguiu traduzir a sua popularidade como defensora do meio ambiente em popularidade no Quénia. concorreu a presidente em 1997, mas o seu partido retirou a sua candidatura poucos dias antes das eleições. Da mesma forma não conseguiu um lugar no parlamento.

Mas em 2002, a vitória esmagadora da Coligação Nacional do Arco-Iris acabou com 32 anos de governação de Arap Moi. O novo presidente, Mwai Kibaki, nomeou Maathai vice-ministra para o Meio Ambiente, Recursos Naturais e Vida Selvagem. Pela primeira vez na sua carreira, Wangari Maathai fazia parte do governo, deixara de ser uma agitadora contra ele.

Maathai diz que há uma ligação entre a preservação do meio ambiente e a defesa dos direitos humanos.

“Sabemos ser extremamente importante à gestão dos recursos naturais na promoção da paz, e que muitas das guerras que hoje observamos devem-se aos recursos naturais. Se não gerirmos bem o meio ambiente as nossas próprias vidas estão ameaçadas.”

Agora, diz Maathai, tem que decidir a melhor forma de usar o dinheiro que vai receber por ajudar o meio ambiente.