O Coordenador humanitário da ONU para o Sudão, Mukesh Kapila, fez um apelo para a fiscalização internacional do cessar fogo a fim de por termo ao conflito na região ocidental do Sudão.
Kapila indicou que os ataques por parte das milícias árabes, que muitos analistas consideram serem apoiadas pelo governo sudanes, intensificaram nos últimos meses, apesar da promessa do governo de respeitar o cessar fogo.
Ainda segundo a mesma fonte aquilo que se passa em Darfur constitui crime de guerra, ou mesmo ”limpeza étnica”. A situação é bastante desesperada e está a piorar.
Os confrontos em Darfur irromperam em Fevereiro do ano passado, após um levantamento rebelde no sentido de maior autonomia e uma maior partida das riquezas do país.
Desde então, as Nações Unidas avaliam em mais de dez mil, o numero de pessoas - na sua maioria civil - que foram mortas, e em mais de 600 mil que foram deslocadas.
Alguns observadores ocidentais e muitos dos que fogem do conflito referem que os ataques são étnicamente motivados.
Referem que governo sudanes dominado pelos árabes está a prestar apoio às milícias árabes de Darfur na tentativa de ”arabizar a região”. Avalia-se que em Darfur existem oito milhões de pessoas, na sua maioria negros africanos, incluindo grupos étnicos Fur, Masali e Zigawa.
O coordenador da ONU indica que, apesar de tudo registam-se progressos nas conversações de paz, que decorrem no Quénia, e destinadas a por fim aos vinte anos da guerra civil sudanesa, sendo por isso necessário não esquecer a violência em Darfur.
Para já as Nações Unidas centram as atenções nos mais de cento e dez mil sudaneses que fugiram para o vizinho Chade. O êxodo criou uma crise humanitária, com os grupos de assistência a tentarem fornecer água, alimentos e medicamentos aos refugiados na zona de fronteira entre o Chade e o Sudão, uma zona remota e semidesértica.
Milícias árabes têm atravessado a fronteira para o Chade atacando os refugiados e roubando gado, provocando contra ataques por parte do exército chadiano.
Muitos receiam que os ataques através da fronteira possam transformar a onda de violência em Darfur, num conflito regional.