De certa forma parece que muito pouco terá mudado - os bombistas suicidas continuam, tal como as incursões militares israelitas e os assassinatos de suspeitos militantes palestinianos.
Há um ano atrás, quando se preparava a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos, existia muita ansiedade. Os israelitas transportavam consigo máscaras de gás para as suas actividades diárias, para o caso de Saddam Hussein desencadear um ataque químico ou biológico. As batarias Patriot municiadas por soldados norte americanos estavam preparadas para defender de ataques contra mísseis Scud que nunca ocorreram.
Muitos palestinianos afirmavam com determinação que o Iraque não cairia sob o assalto americano. Foi então que a guerra começou, e poucas semanas depois Saddam Hussein fugia e o seu governo era derrubado. Os Israelitas respiraram de alívio. Os Palestinianos, tal como a maioria dos árabes estava espantada e desapontada pela forma como o sector militar iraquiano se tinha desintegrado face ao assalto liderado pelos Estados Unidos.
Embora Saddam Hussein esteja fora de cena, o Iraque permanece instável e persiste a preocupação em muitos países da região. Tal não ocorre em Israel, onde existe a sensação genérica de que a guerra teve um efeito positivo. O brigadeiro general israelita na reforma, Shlomo Brum é um analista militar e de segurança no centro Jaffee de Estudos Estratégicos da Universidade de Tel Aviv. Segundo ele não existem duvidas de que Israel tirou benefícios da guerra.
"O poderio militar iraquiano era o maior do mundo árabe" destaca Shlomo Brum, acrescentando que existia uma forte probabilidade de que esse poderio militar fosse utilizado contra Israel. Essa ameaça desapareceu e foi criada uma situação em que Israel não enfrenta qualquer ameaça convencional ou militar no Médio Oriente, acrescenta o mesmo especialista.
A maioria dos Palestinianos e dos Árabes da região eram veementemente opostos à guerra do Iraque, e viram as situações como sendo uma forma da América ajudar Israel, obter o controle sobre os recursos petrolíferos do Iraque, e de uma forma geral aumentar o que é visto como uma forte influencia da América no Médio Oriente.
Recusam as afirmações de Washington de que a saída de Saddam tornou o mundo mais seguro, destacando não terem sido descobertas no Iraque armas de destruição massiva, não ter sido comprovado o elo entre Saddam e a al-Qaida, e que desde a guerra se assistiu a um influxo de militantes islâmicos no Iraque.
Hanna Siniora, uma destacada figura política palestiniana refere não existir dúvida de que a guerra no Iraque teve um impacto negativo na questão palestiniana.
Siniora indica que através da criação de um outro conflito na área, marginalizou o conflito Palestiniano com Israel, e de certa forma protelou a questão até que as coisas estejam em ordem no Iraque, o que não parece poder ser num futuro próximo.
Muitos palestininianos argumentam igualmente que a preocupação americana com a guerra no Iraque permitiu ao governo israelita mão livre para lidar com os palestinianos.
Todavia, o artista e académico palestiniano, Ali Qleibo, considera que as questões cruciais para os palestinianos não estão relacionadas com a guerra no Iraque, mas sim com os ataques terroristas de 11 de Setembro contra os Estados Unidos.
Qleibo sustenta que, citamos, "em sequência do 11 de Setembro, veio a luta contra o terrorismo, e foi fácil apelidar populações e estados com sendo bases terroristas, ou de estados como cooperantes com a paz".
No início da guerra no Iraque, existiu a esperança de que Washington iria voltar as atenções para o conflito israelo-palestiniano. Em Junho do ano passado, o presidente Bush deslocou-se à região, para com o primeiro ministro, Ariel Sharon e o então primeiro ministro palestiniano, Mahmoud Abbas, lançar o plano de paz. No entanto o plano não foi a lugar algum, e cada lado responsabiliza o outro pelo impasse.
O primeiro ministro Sharon sustenta agora que tenciona aplicar um plano de retirada unilateral, se as iniciativas de paz continuarem num impasse. O plano inclui o desmantelamento da maioria, senão mesmo da totalidade, dos aldeamentos judaicos na Faixa de Gaza, e talvez de algumas zonas da Margem Ocidental. Embora os Palestinianos afirmem receber com agrado qualquer retirada israelita, suspeitam das intenções de Sharon, opo?m-se a actuação unilateral, e insistem num acordo negociado.
As duas partes sabem que qualquer avanço significativo no sentido da paz exige um envolvimento activo dos Estados Unidos, e que tal não deve ocorrer em breve, com o prosseguir da situação tensa no Iraque, e o aproximar das eleições presidenciais nos Estados Unidos, no final deste ano.