O aparente golpe de Estado militar desta Quinta-feira parece ter sido ultrapassado com os responsáveis políticos a garantirem que a situação regressou à normalidade.
O primeiro-ministro e chefe do governo, Carlos Gomes Júnior, à saída de um encontro dos orgãos de soberania com o presidente Malam Bacai Sanhá, disse que vai continuar no cargo e que os incidentes gerados pelas disputas entre as chefias militares estavam ultrapassadas.
De recordar que Gomes Júnior foi detido na Quinta-feira, durante algumas horas, pelo grupo de militares revoltosos, comandados pelo vice-chefe do estado-maior general das forças armadas o major general António Ndjai que entretanto se proclamou em chefe máximo da instituição, e o contra-almirante Américo Bubo Na Tchuto.
O auto-proclamado chefe do estado-maior general das forças armadas, o major-general António Ndjai também reuniu com o presidente Malam Bacai Sanhá. Depois da audiencia Ndjai pediu desculpas pela ameaça de morte feita na véspera contra o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, que durante o seu cativeiro contou com o apoio de populares que saíram à rua para protestar contra o levantamento militar.
O comando das forças armadas convidou entretanto na Sexta-feira a imprensa para dar a sua versão dos factos e justificar as razões da detenção do chefe do estado-maior general Zamora Induta. No final do dia os mesmos líderes militares reuniram-se com a sociedade civil para fazer esclarecimentos sobre a situação reinante, e afirmar os seus compromissos na salvaguarda da paz e da estabilidade no país.
O levantamento militar de ontem na Guiné-Bissau é para muitos analistas, o reflexo da persistente turbulências política e sobretudo militar que têm conduzido a uma má visão do país no âmbito internacional. As sucessivas violações do estado de direito, num país onde não existe uma coesão e nem disciplina das forças armadas, fenómenos esses, associados a tendências tribalistas têm conduzido a Guiné-Bissau a situação de Estado falhado.Para nos elucidar sobre as razoes das constantes crispações político-militares guineenses, entrevistamos Clara Carvalho, directora do Centro de Estudos Africanos e especialista assuntos da Guiné-Bissau, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresas de Lisboa.
Confira
as declarações do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior depois do seu
encontro com o presidente Malam Bacai Sanhá, o pedido de perdão do
auto-proclamdo chefe do estado-maior gneral das forças armadas, o
major-general António Ndjai, o comuincado de imprensa do comando
militar, a reacção da comunidade internacional e a análise de Clara
Carvalho directora do Centro de Estudos Africanos do ISCTE e
especialista em assuntos guineenses.