A União Europeia começa o ano de 2010 profundamente transformada. Um acordo histórico, o Tratado de Lisboa, está em vigor e destina-se a aumentar o peso da União na arena política mundial e a agilizar o seu mecanismo de decisão. O primeiro presidente permanente da União Europeia entra em funções este Janeiro, mas até agora muitos europeus têm-se revelado apáticos acerca do que a instituição em si representa.
Nesta quadra festiva, em Bruxelas, os belgas e os turistas passeiam-se pelos mercados de rua, que vendem vinho doce aquecido e com especiarias, acompanhado pelas famosas waffles, uma espécie de panquecas. Uma enorme árvore de Natal, na praça principal de Bruxelas, domina aquele espaço de uma bela arquitectura flamenga.
Estes antigos rituais europeus têm lugar numa altura de profundas mudanças na Europa. Pela primeira vez os europeus vão ter um presidente permanente da União Europeia, será o antigo primeiro-ministro belga Herman Van Rompuy, que assume o cargo no dia primeiro de Janeiro. Depois de anos de desaires, os governos europeus ratificaram, finalmente, um pacto, o Tratado de Lisboa que dá consistência ao bloco europeu.
Em nenhuma outra parte as mudanças se fazem mais sentir do que em Bruxelas, que é o centro administrativo daquele bloco que integra 27 Estados.
Angelo Callant, um belga de expressão flamenga, afirma que apoia o Tratado de Lisboa e que se orgulha do facto do primeiro presidente da União Europeia ser de nacionalidade belga. Disse ele: "Eu apoio uma Europa forte, por isso agora é uma evolução boa. A Europa tem um papel importante em algumas questões. Precisamos de uma Europa mais forte para apoiar a economia e outras coisas".
O turista francês, Jacques Tacquoi, é também a favor da União Europeia.Diz ele que a existência da União Europeia e do euro fazem a diferença e diz-se sentir-se mais europeu do que francês.
Mas muitos europeus não partilham estes sentimentos. Sondagem depois de sondagem mostra que muitos não estão interessados no Tratado de Lisboa ou nas instituições europeias que os representam e a afluência às eleições europeias de Junho último atingiu um nível recorde de abstenção.
Frederick Micheau tem vindo a seguir aquela apatia na sua qualidade de director de estudos do Instituto IFOP de Paris. Micheau diz que muitos europeus sentem que a UE não passa de uma enorme burocracia e que a maioria deles nunca ouviram falar sobre o seu novo presidente ou do seu novo ministro dos Negócios Estrangeiros, a britânica Catherine Ashton.
O analista da Escola de Economia de Londres, Iain Begg, diz que a União tem centrado o seu esforço, durante anos, em levar por diante mudanças institucionais, esperando que com a aplicação do Tratado de Lisboa se dê azo a algumas acções. Diz ele que a Conferência de Copenhaga foi um exemplo de uma EU mais vigorosa, forçando no sentido de que se tivessem conseguido mudanças na política do meio ambiente que eram exigidas pelos europeus.