MPLA em Conclave na Segunda-feira

Sob o lema "MPLA A CERTEZA DE UM FUTURO MELHOR" este evento vai reunir mais de dois mil delegados, no que está a ser visto como uma demonstração da grandeza do partido que governa Angola desde 1975.

Muitos já não lá estarão com o mesmo fervor do passado. Por inerência dos cargos que ocupam sobretudos Deputados a Assembleia Nacional, nomes como de Adelino de Almeida, Lopo do Nascimento e França Van-Dúnem as suas presenças não passarão do papel de meros representantes! Quem diria?

Dos resultados em si poucos acreditam em grandes alterações no que toca as linhas de orientação e actuação como resultado de um debate interno do conclave.

José Eduardo dos Santos é o único candidato a sua própria sucessão e com certeza será eleito por mão no ar ou voto secreto.

Já o disse Bento Bento responsável nesta província, citamos, "os delegados de Luanda vão votar unanimemente para a continuação do camarada presidente."

Não existem correntes internas com coragem para se apresentar com alternativas. As que tentaram foram esvaziadas ou então obrigadas a deixar a militância activa.

Apesar do seu potencial financeiro o que lhe dá maior capacidade de realização, pelas ruas de Luanda não se notam tanto a presença de propaganda panfletária, sobressaindo ainda assim a presença dos Outdoors e a propaganda nos audiovisuais e no único diário público.

Dos que entram e dos que saem, ao nível dos órgãos centrais a filosofia será a de renovar na continuidade. Ou seja 45% será substituído, com a entrada de novas figuras sobretudo jovens para o Comité Central. João Melo (o Deputado e escritor), Luísa Damião (Angop-Agência de Notícias) e Adélia Andrade (Deputada) são alguns nomes dados como certos para o Comité Central.

O jurista e deputado João Pinto assim como alguns empresários, entre os quais se destaca José Chimuco do Kuando-Kubango, constam igualmente da lista que se diz ter vindo pelo punho do presidente.

Nos últimos dias, com empolada notoriedade de intervenção pública está Jorge Valentim, expulso do antigo movimento rebelde no que é visto como prenúncio do caminho para a sua ascensão. O antigo porta-voz de Jonas Savimbi já milita o MPLA e é um dos seus tarefeiros

Mas neste Congresso segundo se diz, dificilmente serão reabilitadas velhas figuras, caídas em desgraça.

Em desgraça parecem definitivamente Adelino de Almeida e Miguel de Carvalho Wadijimbi (actual Vice-Ministro da Comunicação Social).

Diz-se também que este é um Congresso em que Eduardo dos Santos vai tão somente aproveitar a ocasião para que no presidencialismo em que mergulhou o partido desde 1982, a custo da fragilização de importantes órgãos como o Comité Central e Bureau Político, para legitimar decisões da sua própria iniciativa.

A alegada luta contra a corrupção vai fazer vítimas no pós Conclave, com alterações ao nível de alguns ministérios dos quais se destacam o da Administração do Território, das Obras Públicas além da vassoura no Comité Central.

Dificilmente os delegados se apresentarão com coragem para debater aprofundadamente as propostas do chefe de tal modo que lá estarão apenas para corrigir pontos e vírgulas, como sublinhou o antigo Secretário da CPLP Marcolino Moko que também já anunciou em carta aberta dirigida a Dino MATROSS, Secretário-geral do MPLA que não vai participar.

"O modo como fui convidado é de não aceitar"... disse

Recordamos que Marcolino Moko foi chamado na semana passada à sede do partido e admoestado pelas intervenções académicas que tem feito. Ele também não acredita que desta reunião saia alguma coisa de novo.

Victor Aleixo jornalista e comentarista sobre os assuntos políticos considera que como demonstração do seu compromisso com a transparência, Eduardo dos Santos vai mexer na equipa governamental logo a seguir a esta reunião. Para Fernando Macedo, o actual presidente do partido no poder é um obstáculo a democracia interna e no país.