Obama na Balança Afegã

O presidente Obama anuncia dentro de horas a nova política para o Afeganistão…uma decisão que marcará sem dúvida a sua presidência e (uma decisão) que enfrenta muitos desafios.

Com a sua presidência provavelmente num dos pratos da balança, Barack Obama vai explicar hoje aos americanos e ao mundo como espera que a sua decisão de enviar entre 30 a 35 mil novos soldados americanos para o Afeganistão levará a uma eventual retirada daquele país depois de entregar a responsabilidade pela segurança às forcas afegãs.

O discurso terá lugar na Academia Militar de West Point, em Nova Iorque.

O presidente tenciona também pedir à NATO e a outros parceiros que contribuam com mais 5 mil soldados. Entre os soldados americanos e de outros países se obterá os 40 mil soldados pedidos pelo general Stanley McChrystal, o comandante da coligação no Afeganistão – um aumento militar destinado a intensificar a estratégia anti-insurreicao.

As novas tropas serão enviadas em incrementos a partir de Janeiro, com opção de adiar ou mesmo cancelar o envio de mais soldados dependendo do comportamento do governo afegão, entre outros factores. Por agora para além de unidades de fuzileiros navais, desconhece-se que outras unidades serão enviadas.

Apesar da aparente escalada do envolvimento americano no Afeganistão, segundo fontes próximas da Casa Branca, a posição que Obama vai anunciar dentro de horas é de facto uma estratégia de retirada, centrada em medidas de reforço das instituições governamentais afegãs, para que as suas forcas de segurança comecem a controlar a situação no seu próprio país.

Apesar de poucos detalhes saídos da Casa Branca, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, revelou alguns pormenores quando discursou no parlamento. Por exemplo que as forcas afegãs aumentaram de 90 mil para 134 mil, que será definida uma reforma policial, e que a segurança será transferida para as forcas afegãs, distrito a distrito, província a província, com as primeiras transferências a terem lugar no próximo ano.

Governos aliados têm pressionado o presidente afegão Karzai a eliminar os senhores da guerra e elementos corruptos de posições governamentais. E segundo Brown ao longo dos próximos 9 meses, Karzai é suposto implementar vastas reformas garantindo que todas as 400 províncias e distritos tenham um governador nomeado por mérito, sem problemas de corrupção.

Foram meses de deliberação que terminaram no último domingo quando Obama informou os seus conselheiros da sua decisão…decisão que depois comunicou e discutiu com dirigentes aliados, entre os quais o primeiro-ministro britânico, o presidente francês, Nicolas Sarkozy e o presidente russo, Dmitry Medved. O presidente Karzai foi informado esta manha, num telefonema que terá durado cerca de uma hora.

Na quarta e na quinta-feiras, o Congresso realiza audiências sobre a nova estratégia para o Afeganistão. Um dos problemas apontados é como será paga a escalada de tropas? Será que a NATO e outros aliados irão contribuir com mais tropas? Para a próxima semana a NATO tem agendada uma audiência com a secretaria de estado Hillary Clinton.

Sarkozy, por exemplo, disse que a França irá manter as suas tropas no Afeganistão até que o país esteja "pacificado e seja soberano" A França tem presentemente quase três mil e 100 soldados no Afeganistão. Contudo, Sarkozy não disse se irá enviar mais. Os britânicos dizem que vão enviar mais soldados, elevando quase a 10 mil os britânicos no Afeganistão.

Desde a chegada das tropas americanas ao Afeganistão em Outubro de 2001, o Departamento da Defesa gastou 168.1 biliões de dólares. Os custos mensais estão estimados em 3.9 biliões.

O Serviço de Investigação do Congresso, grupo não partidário, estimava em Setembro que os congressistas tinham autorizado gastos no montante de 227 biliões de dólares, desde que a guerra começara no Afeganistão. Montante que inclui também actividades de agencias civis e operações secretas.

Acima de tudo, Obama terá que convencer os americanos que esta sua nova estratégia para o Afeganistão irá resultar, que os esforços mais que vai pedir serão justificados e que o Afeganistão não irá ser um novo Vietname, quando o presidente Lyndon Johnson continuou a escalada da presença militar americana sem qualquer resultado positivo, saldando-se a intervenção americana ano Vietname em elevadas baixas americanas e um tesouro delapidado com o esforço de guerra.