As Coreias do Norte e do Sul travaram uma breve escaramuça nas águas em disputa entre as duas Coreias. Um navio de guerra norte-coreano parece ter sofrido alguns danos. Pyongyang exige desculpas, enquanto Seul adverte a Coreia do Norte para não exibir mais comportamentos provocadores como este.
O incidente levou o presidente sul-coreano a convocar uma reunião de emergência do conselho de segurança, colocando as suas forças navais em estado de alerta esta terça-feira, no rescaldo do tiroteio naval com a Coreia do Norte, nas águas a oeste da Península Coreana.
Lee Gi-sik, um oficial superior do estado-maior conjunto sul-coreano, disse que um navio de guerra da Coreia do Norte atravessou a fronteira marítima para as águas sul-coreanas, várias vezes, ao meio-dia desta terça-feira:
"Uma patrulha sul-coreana disparou tiros de aviso, tendo um navio norte-coreano disparado directamente sobre o barco sul-coreano, que, por sua vez, ripostou da mesma forma, obrigando a embarcação norte-coreana a regressar para as águas territoriais norte-coreanas."
O oficial naval sul-coreano adiantou que não se registaram danos de carácter pessoal durante a escaramuça naval, que durou apenas escassos minutos, mas que a embarcação norte-coreana ficou seriamente danificada.
Navios chineses de pesca ilegal encontravam-se na área, tendo indicado que a Coreia do Norte os teria expulsado das suas águas.
O oficial sul-coreano descreveu o recontro iniciado pela Coreia do Norte de lamentável. Acrescentou ainda que Seul apresentou uma nota de protesto a Pyongyang, exigindo que o incidente nunca mais se repita.
As águas a oeste da Península Coreana tornaram-se num pontos mais perigosos de confrontação armada entre as duas Coreias, que continuam ainda tecnicamente em guerra. Pyongyang nunca reconheceu a fronteira marítima mandatada pelas Nações Unidas entre as duas partes, fronteira que vai conhecida por Linha da Fronteira do Norte. Entre 1999 e 2002 as Coreias do Norte e do Sul travaram combates navais de envergadura na zona.
A imprensa oficial norte-coreana indicou, esta terça-feira, as condições do seu governo para a Coreia do Sul pedir desculpas pelo que Pyongyang descreveu como sendo grave provocação armada.
O recontro naval acontece poucos dias antes da visita do Presidente americano, Barack Obama, à Asia, e a uma semana da sua escala em Seul. A coincidência poderá ter sido calculada pela Coreia do Norte numa tentativa para enviar uma mensagem política comportando-se duma forma provocadora.
Yang-Moo-Jin, um académico do Departamento de Estudos Norte-coreanos em Seul, afirma ser necessária muita cautela para não se tirarem demasiadas conclusões demasiado cedo do episódio da terça-feira.
"A confrontação teria sido, muito provavelmente, um incidente não deliberado, e que teria acontecido devido ao que chamou de falta de flexibilidade por parte dos militares norte-coreanos."
Ainda assim, disse o académico sul-coreano, o evento serve para as pessoas não se esquecerem que a escalada entre a Coreia do Norte e do Sul, pode-se tornar dum momento para o outro num conflito armado.