No ano passado, a África do Sul foi sacudida por uma violenta onda de manifestações xenófobas.
Manifestações sobretudo contra emigrantes a residir em bairros suburbanos de grandes cidades sul-africanas. Muitos deles oriundos de países vizinhos, como Moçambique.
Moçambique que tem, em terras sul-africanas, a maior comunidade de cidadãos a residir e a trabalhar, fora das fronteiras nacionais. São mais de três milhões de moçambicanos, segundo estimativas já conhecidas.
Moçambicanos que sofreram com os actos de xenofobia, particularmente os que viviam na província sul-africana de Gauteng, mais concretamente nos arredores de Johannesburgo, a capital económica da África do Sul.
Os ataques xenófobos fizeram, no geral, mais de sessenta mortos. Desse número, pelo menos vinteerammoçambicanos. Houve ainda muitos feridos, do lado moçambicano foram mais de cinquenta, e avultados estragos materiais. Muitos ficaram sem os seus haveres, as suas casas.
A seu pedido, e com forte apoio do governo de Maputo, mais de quarenta mil moçambicanos regressaram à sua pátria, nos meados de 2008. E, apesar de a situação se ter normalizado, há ainda, neste momento, muitos que querem voltar.
É o que acontece com um grupo de setecentos emigrantes moçambicanos que vão beneficiar de terrenos oferecidos pelas autoridades numa zona chamada Bobole, a 45 quilómetros a Norte da cidade de Maputo, como confirmou à Voz da América o Alto-comissário de Moçambique, na África do Sul, Fernando Fazenda.
Neste momento são setecentas pessoas inscritas, mas o número vai subir, como garante Fernando Fazenda.
E, segundo o diplomata, os trágicos acontecimentos do ano passado, na África do Sul, ajudaram a fazer perceber aos moçambicanos, lá residentes, da necessidade de se investir no seu país de origem, da importância de não esquecer a sua terra natal e ter o que chamou de retarguarda segura.
E o Alto-comissário de Moçambique indica que não obstante já terem passados cerca de doze meses depois dos ataques xenófobos, o medo não desapareceu.
Fernando Fazenda, Alto-comissário de Moçambique em Pretória. Está em Maputo para participar numa cerimónia de entrega de talhões a moçambicanos que foram vítimas da violência xenófoba no início e meados de 2008, na África do Sul.