Os Estados Unidos vão convidar o Irão a participar numa conferência internacional sobre o Afeganistão. Foi a secretária de estado americana Hillary Clinton quem propôs a realização da conferência acrescentando que para além do Irão serão convidados representantes do Afeganistão, Paquistão e de países da NATO com tropas na região.
O porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs manifestou-se entretanto esperançado em que o Irão desempenhe um papel positivo na conferência internacional sobre o Afeganistão que decorrerá no dia 31 de Março: " esperamos, caso decidam participar, que tragam soluções e ideias construtivas para trabalhar com a comunidade internacional para fazer frente aos desafios com que o Afeganistão se depara."
Por seu lado, o presidente da comissão de relações externas do Senado americano, o democrata John Kerry, congratulou-se com a notícia afirmando que a questão do Afeganistão era um bom modo de iniciar um diálogo com Teerão: "acho que já há um processo em curso. Em primeiro lugar é inteligente organizar uma reunião sobre o Afeganistão, e, em segundo lugar é importante sermos abrangentes."
Analistas políticos tinham vindo a sugerir que o diálogo com o Irão poderia começar precisamente através da questão do Afeganistão país onde os Estados Unidos estão a tentar conter a violência e para onde pretendem enviar mais 17 mil soldados.
Durante uma audiência na comissão de relações externas do Senado no início da semana, Karim Sadjadpour da organização "Carnegie Endowment for International Peace" afirmou que um Afeganistão estável era do interesse tanto dos Estados Unidos como do Irão. " o Irão não pretende o reaparecimento dos talibãs no Afeganistão. Trata-se de uma seita fundamentalista sunita com a qual quase entraram em guerra há uma década atrás. O Irão à semelhança dos Estados Unidos pretende diminuir o tráfico de drogas. Por outro lado, o Irão já acolheu mais de 2 milhões de refugiados afegãos durante as últimas décadas e certamente que não pretende o prosseguimento da instabilidade naquele país."
Aquele analista afirmou também que um trabalho conjunto entre Teerão e Washington na questão do Afeganistão poderia desbloquear o debate acerca de questões mais complicadas tais como a do programa nuclear iraniano. Em declarações durante a mesma audiência no Senado, o antigo conselheiro de segurança nacional americano Zbigniew Brzezinski salientou que o Irão os Estados Unidos já tinham entabulado previamente um diálogo sobre o Afeganistão: "tivemos um breve mas construtivo relacionamento com os iranianos em 2001 e 2002 acerca da questão dos talibãs no Afeganistão."
Estas audiências no Senado acerca do Irão verificam-se no momento em que os Estados Unidos estão a rever a sua politica de isolarem o Irão. Estão mesmo a debater a possibilidade do reatamento parcial das relações diplomáticas, uma proposta que conta com o apoio do senador republicano Richard Lugar: " eu apoio o estabelecimento de uma modesta presença diplomática no Irão. Tal poderia facilitar mais trocas com o povo iraniano e melhorar a nossa capacidade para interpretarmos aquilo que se passa no país."
Na quarta-feira, aquela comissão do Senado americano realizou uma sessão à porta-fechada para analisar a questão do programa nuclear iraniano.