Iraque: Má Gestão Atrasa Reconstrução

Os contribuintes americanos já despenderam cerca de 51 mil milhões de dólares na reconstrução pós-guerra do Iraque. De acordo com o inspector-geral para a reconstrução do Iraque grande parte desse dinheiro foi canalizado para empresas privadas com pouca supervisão governamental.

Desperdício, fraude e abuso são as palavras usadas mais frequentemente pelo inspector-geral americano Stuart Bowen para descrever a má gestão dos esforços de reconstrução do Iraque. Bowen elaborou um relatório sobre o assunto depois de 21 deslocações ao Iraque e apresentou as suas conclusões perante uma comissão bipartidária do Congresso americano constituída para analisar a concessão de contratos.

" A grande lição a tirar, disse ele é a de que o governo dos Estados Unidos não tinha nem a estrutura nem os recursos necessários para levar avante o programa de auxilio e reconstrução no Iraque em meados de 2003."

Bowen afirmou que os Estados Unidos despenderam no Iraque 25 vezes mais dinheiro do que o inicialmente previsto. Apesar de reconhecer alguns sucessos, Bowen salientou que muitos projectos ultrapassaram o seu orçamento inicial ou foram executados de um modo inapropriado.

Por exemplo uma estação de tratamento de água em Fallujah que devia ter sido concluída há 3 anos só será finalizada em Setembro próximo. Bowen acrescentou que os esforços iniciais de reparação dos danos causados pela guerra se transformaram agora num programa de reconstrução em larga escala. Salientou contudo que o mesmo estava a negligenciar áreas tais como a agricultura e a governação. A senadora Claire McCaskill do estado de Missouri foi um dos legisladores americanos que criaram a comissão encarregada dos contratos baseando-se num organismo semelhante criado no fim da segunda guerra mundial. McCaskill considerou as operações americanas de reconstrução do Iraque como sendo um falhanço total.

" Centenas de milhar de milhões de dólares desapareceram. Tudo foi roubado desde dinheiro a equipamento de guerra pesado. O lado mais escandaloso, acrescentou a senadora, acerca das armas de que perdemos o rasto, é que os militares estão convencidos de que as mesmas foram vendidas e usadas contra os nossos próprios soldados."

O inspector-geral Bowen disse ainda perante aquela comissão do Congresso americano que é importante tirar lições do sucedido de modo a evitar erros semelhantes no Afeganistão. Bowen acrescentou que os Estados Unidos já disponibilizaram 32 mil milhões de dólares para projectos no Afeganistão e que deverão muito provávelmente gastar ainda mais à medida que as operações americanas prosseguem naquele país.