Cimeira de Pretória: A Calendarização da Crise Zimbabueana

Os dirigentes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, aprovaram um calendário e medidas para a resolução da crise no Zimbabwe.

Mas dirigentes da oposição disseram já que têm ainda que aprovar as decisões manifestando descontentamento com o facto de várias das suas exigências não terem sido tomadas em consideração.

Os dirigentes da SADC querem que uma emenda à Constituição do Zimbabwe seja aprovada até 5 de Fevereiro para permitir a nomeação de um primeiro-ministro e vice-primeiro-ministro até 11 de Fevereiro.

Novos ministros e vice ministros terão que ser nomeados até 13 de Fevereiro concluindo a formação de um governo.

No que diz respeito às exigências da oposição, para controlar a pasta dos assuntos internos, que controla a polícia, a SADC disse que esta deve ser compartilhada por um período de seis meses após o qual a questão era revista.

Quanto à nomeação do governador do banco central e do procurador-geral isso serão questões a ser resolvidas após a formação do governo.

As duas partes tinham acordado na formação de um governo conjunto em Setembro pelo qual a oposição receberia 16 pastas contra 15 do partido do presidente Mugabe, a ZANU PF.

Mugabe, contudo, quis manter o controlo das pastas da Defesa e dos Administração Interna, tendo provocado um impasse nas negociações.

Apesar do optimismo manifestado por alguns dos dirigentes da SADC, no termo da Cimeira de Pretória, o Movimento para Mudança Democrática foi muito mais comedido na sua análise.

O Movimento para a Mudança Democrática emitiu de imediato um comunicado afirmando que as resoluções da SADC ficam aquém das suas expectativas.

Mas ao mesmo tempo, o MDC não rejeitou o acordo. O porta-voz Nelson Chamissa descreveu o acordo como um passo em frente, mas tornou claro que o seu partido ainda não concordou com o mesmo: "Isto é uma proposta apresentada pela SADC. A decisão final terá que ser tomada pelo Conselho nacional do partido na sexta-feira".

O MDC tinha anteriormente afirmado que só participaria num governo de unidade se cinco pontos essenciais fossem resolvidos, incluindo a distribuição justa de ministérios e destacados postos no governo e a libertação de apoiantes da organização que diz terem sido detidos sob acusações falsas.

Os dirigentes da SADC propuseram que questões ainda por resolver sejam decididas por uma comissão conjunta que começaria a trabalhar de imediato.

O presidente da África do Sul, Kgalema Motlanthe, reconheceu que na reunião o MDC tinha levantado a sua objecção à proposta para que a ZANU de Mugabe e a oposição compartilhem da pasta dos assuntos internos quer controla a polícia. Montlanthe referiu que os dirigentes da SADC declararam que esta pasta deve ser compartilhada temporariamente.

O porta-voz do MDC, Nelson Chamisa, fez sublinhar o profundo desacordo relativamente a esta posição. Disse ele: "Nem todas as questões foram resolvidas em particular a questão de igualdade na distribuição de ministérios. Ainda não um acordo sobre como avançar. Houve uma opinião da SADC. Nós temos a nossa posição que não foi levada em consideração".

Contudo o porta-voz do MDC manifestou alguma esperança de que haverá progressos nessas questões antes dos dirigentes do partido se reunirem na sexta-feira.

Analistas afirmam que a SADC parece apostar em que a imposição um calendário que leve os partidos a cooperarem em questões menos contenciosas encorajando-os a cooperarem nas disputas mais difíceis de resolver.

Contudo, a SADC não mencionou o que acontecerá, se o calendário não for resolvido