Funcionários da União Africana encorajados pela relativa calma dos últimos dias em Mogadíscio, estão a ultimar os preparativos para o incremento do número de efectivos das forças de manutenção de paz africanas na Somália.
Equipas conjuntas da União Africana, das Nações Unidas e dos países que contribuíram com efectivos militares para a missão de manutenção de paz na Somália, conhecida pela sigla AMISOM, reuniram-se no fim-de-semana e manifestaram-se cautelosamente optimistas quanto à possibilidade da paz, vir a prevalecer, pela primeira vez, isto nos últimos 18 anos, naquela país da região do Corno de África.
Um dia depois do Conselho de Segurança da ONU ter manifestado a intenção de assumir o controlo da missão de manutenção de paz na Somália, funcionários da organização continental africana falaram da possibilidade de criar uma força mais robusta, a ser integrada por 8 mil capacetes azuis e que estaria à disposição da ONU, o mais tardar em Junho próximo.
A Missão de Manutenção de Paz para a Somália é actualmente composta por um efectivo militar de três mil e quinhentos soldados do Burundi e do Ruanda.
Ambos os países manifestaram-se, entretanto, abertos a um eventual reforço dos respectivos contingentes militares.
A Nigéria disponibilizou-se igualmente a contribuir com três batalhões e o comissário para a paz e segurança da União Africana, Ramtane Lamamra disse aos jornalistas que pelo menos três outros países africanos teriam já manifestado a disponibilidade de virem a contribuir com tropas, para aquela missão de manutenção de paz.
"É um bom passo a frente. Vamo-nos debruçar sobre isso e contamos com a presença de delegações técnicas da ONU na reunião. Esta missão técnica está aqui como parte da implementação dessa resolução. Portanto estamos ansiosos em levar por diante a implementação da resolução, com a brevidade que for possível, o que significa mobilizar o apoio logístico global das Nações Unidas, o mais breve possível, e então com base nesse apoio avançar com a missão de manutenção de paz sob o comando da ONU.
Ramtane Lamamra disse por outro lado que o frágil governo de transição somali parece também estar a ganhar uma certa consistência.
O representante somali a reunião do fim-de-semana disse que o novo presidente do governo de transição será empossado no próximo dia 26 de Janeiro, em substituição de Abdulahi Yusuf, que se demitiu do cargo no passado mês de Dezembro.
Os funcionários da União Africana e das Nações Unidas manifestarem-se por outro lado preocupados com notícias sugerindo que os militantes islâmicos e outras forças da oposição ao governo de transição teriam ocupado as bases abandonadas pelas tropas etíopes.
Neste particularRamtane Lamanra confirmou que essas posições foram de facto ocupadas, mas sim pelas forças moderadas da Aliança pela Re-Libertação da Somália, signatária do acordo de paz com o governo.
Lamamra admitiu entretanto que a situação de segurança continua frágil, mas desmentiu alegações de que combatentes do grupo militante Al-Shabab estariam colmatando o vazio em termos de segurança, na capital somali, Mogadíscio.
"Muitas dessas notícias, não são verdadeiras. O Al-Shabab não assumiu nenhuma posição significativa em Mogadíscio. Mas sim as unidades afiliadas com a Aliança para a Re-Liberação da Somália em conjunto com as forças do governo de transição, as quais assumiram posições na cidade. Portanto, o Al-Shabab não tem nenhuma presença significativa na área.
O comandante das forças de manutenção de paz na Somália, o general ugandês, Francis Okello disse por seu lado estar bastante encorajado com o facto de que cerca de um milhão de deslocados internos somalis, iniciaram o regresso a Mogadíscio.
Neste particular aquele militar elogiou os chefes dos clãs, por terem criado o ambiente propício para a esperança e a paz.
"A missão de manutenção de segurança em Mogadíscio, tem sido calma. Nos três dias de funcionamento não se registaram ataques e por conseguinte a situação de segurança tem sido boa. E isso graças aos líderes da sociedade civil, os chefes dos clãs que se manifestaram abertamente em apoio ao processo de paz."
O general Okello referiu-se a ainda à massiva manifestação anti-violência da última sexta no principal estádio de Mogadíscio, que contou com a presença de mais de 11 mil manifestantes.
Mas muitos analistas e diplomatas temem entretanto que os combatentes do Al-Shabab tenham em preparação novos ataques para os próximos dias, isto apesar do comandante das forcas de manutenção de paz, o major general Francis Okello acreditar ter a retirada das tropas etíopes mudado de forma drástica o ambiente em Mogadíscio, ao ponto de facilitar regresso dos residentes aquela cidade capital somali.