A União Africana anunciou que a junta militar no poder na Guiné-Conacri vai sofrer sanções internacionais, se não cumprir as suas promessas de organizar eleições dentro de seis meses.
Amanha os líderes dos países da África Ocidental – CEDEAO – reúnem-se na Nigéria para debater a situação político-militar em Conacri.
O presidente da Comissão Africana Jean Ping reuniu-se com os líderes da junta militar guineense, no mês passado, no decorrer do funeral do malogrado presidente Lansana Conte.
O capitão do exército Moussa Camara que liderou o golpe militar, registado horas depois da morte de Conte, prometeu organizar eleições no prazo de dois anos e ultimamente tem pressionado os líderes civis a jurarem-lhe fidelidade.
Jean Ping disse ter dito ao capitão Camara que dois anos seriam demasiado tempo. “Eu disse-lhe que não aceitávamos dois anos. E ele respondeu: ‘bem, eu estou pronto para organizar as eleições em seis meses, se vocês quiserem, desde que tudo corra bem’.”
Numa conferência de imprensa hoje, Sexta-feira, em Addis Abeba, o comissário da União Africana disse que o capitão Camara lhe disse que poderia reinstalar a antiga constituição guineense - que impõe o limite de dois os mandatos presidenciais consecutivos de cinco anos - em substituição da actual de sete anos e por tempo indeterminado imposta pelo ex-presidente Lansana Conte.
Também com a permissão de que nenhum dos líderes da junta militar concorra as eleições, Jean Ping disse ter declarado ao seu interlocutor de que a União Africana iria apoia-lo na reinstalação da democracia, desde que cumpra com a palavra.
“Nós dissemos-lhe que íamos acompanhar a situação para ver se respeitava o prometido, e que estávamos prontos a ajudar na reposição da ordem constitucional. Caso contrário iria fazer face a sanções.”
A União Africana já suspendeu a Guiné-Conacri da organização pan-africana. As Nações Unidas, os Estados Unidos, e a União Europeia condenaram o golpe militar e apelaram para ao restabelecimento da ordem constitucional.
Líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental – CEDEAO – reúnem-se amanhã na Nigéria, para debater uma solução para o golpe militar na Guiné.
O presidente nigeriano Umaru Yar’Adua convocou esta reunião especial para propor sanções a serem aplicadas ao conselho nacional do capitão Camara, agora no poder em Conacri.
Mas persistem divergências dentro da própria Comunidade sobre como lidar com a junta militar.
O presidente senegalês Abdoulaye Wade disse que os líderes do golpe merecem o apoio internacional porque prometeram organizar eleições livres e justas. Wade disse que Camara é um jovem honesto que assumiu o poder para evitar o vácuo constitucional.
Jean Ping disse que a União Africana está determinada a impôr sanções coordenadas contra o governo militar do Capitão Camara se este não avançar rapidamente para as eleições.
“Estamos a tentar harmonizar a nossa posição com a comunidade internacional para reforçar a nossa ameaça.”
Os militares guineenses consolidaram o poder assumindo o controlo do Tesouro Nacional, nomeando um primeiro-ministro civil e forçando a reforma dos responsáveis militares que se opuseram ao golpe. Também mantêm presos o antigo chefe das forças armadas e o ex-chefe da marinha.