Conackry: Chefe do Governo Rende-se ao Líder do Golpe

O primeiro-ministro da Guiné-Conackry reconheceu que o líder do golpe, o capitão Moussá Camará, é o novo chefe de Estado do país.

Correspondendo à ordem que lhe havia sido dada no início desta quarta-feira, o primeiro-ministro Ahmed Tidiane Souaré apresentou-se no quartel do líder do golpe, acompanhado por 30 elementos do seu governo, tendo afirmado perante Camará:"Nós estamos à sua total disposição."

Numa emissão pela rádio, o líder do golpe, o capitão Moussá Dadis Camará, tinha dado ao governo e aos restantes oficiais do exército 24 horas para se renderem e se apresentarem pessoalmente no quartel Alpha Yaya Diallo, situado nas imediações da capital do país.

Camará, que era relativamente desconhecido na Guiné-Conackry, até ao golpe de terça-feira, anunciou ter assumido o governo do país, na sequência da morte do presidente Lasana Conté.

Os militares estão a preparar o funeral de Conté, que deverá ter lugar esta sexta-feira.

Camará proclamou-se presidente e promete realizar eleições no país até ao fim de 2010. Milhares de pessoas alinharam-se nas ruas de Conackry, na quarta-feira, entoando o slogan "longa vida para o novo líder", enquanto Camará e centenas de outros militares desfilavam pelas ruas da capital.

Os EUA anunciaram estar a considerar cortar a ajuda à Guiné Conackry, se o regime civil e constitucional não for restaurado.

O capitão Moussá Camará, tem cerca de 40 anos de idade, e lidera um grupo de oficiais que se intitula Conselho Nacional para a Democracia e Desenvolvimento.

Numa emissão pela rádio, após o golpe, Camará apresentou-se como sendo um homem modesto, mas preocupado com o bem-estar do país do que com as suas ambições pessoais, insistindo não ter planos para se manter no poder e prometendo promover a realização de eleições livres e justas, até ao fim de 2010.

A Guiné Conackry tem muito pouca experiência no que toca a transições democráticas do poder desde a sua independência da França, em 1958.

O antigo Presidente Conté governou o país durante 24 anos, mas o seu governo foi frequentemente acusado de vilar os Direitos Humanos e de fraudes eleitorais.

A Guiné Conackry é rica em depósitos minerais, sendo o maior produtor mundial de bauxite, produto utilizado no fabrico de alumínio. Ainda assim, a população do país conta-se entre as mais pobres de África, uma herança – em parte – da turbulenta história política do país.