Mugabe Deve Ser Derrubado pela Força – Washington Post

Pela primeira vez um dos mais influentes jornais americanos apelou ao derrube pela força do Presidente Robert Mugabe do Zimbabwe. Trata-se do jornal Washington Post que tal como outros grandes jornais americanos da semana finda deu grande relevo ao colapso da situação no Zimbabwe, agora com a cólera a alastrar-se para os países vizinhos.

No passado grandes jornais americanos têm asperamente criticado em editoriais e comentários o regime de Robert Mugabe. Mas esta é a primeira vez que um dos grandes jornais americanos pede o uso da força para se afastar Mugabe do poder.

Num editorial titulado "Salve-se o Zimbabwe" o Post argumentou que dezenas de milhar de pessoas vão morrer à fome ou morrer de cólera caso o mundo não ponha termo ao que chamou de "loucura" de Robert Mugabe.

No seu editorial o Post disse que os sistemas de esgotos e de água da capital deixaram de funcionar e fez notar que as Nações Unidas afirmaram que centenas de milhar de pessoas estão em risco de vida isto para além dos cinco milhões de pessoas que vão precisar de ajudar alimentar até ao final do mês.

O Post disse alguns dirigentes africanos estão finalmente a vir a publico pedir o fim do regime de Mugabe, fazendo notar que o primeiro ministro do Quenia, o ministro dos negócios estrangeiros do Botswana e o arcebispo Desmond Tutu apelaram aos governos africanos para forçar Mugabe a abandoner o poder. Acrescentou o Post que a Africa do Sul continua a ser a "obstrução" acusando o mediador do impasse político no Zimbabwe, o expresidente Thabo Mbeki de se ter tornado num defensor de Mugabe. Acrescentou o Post:

"O sucessor de Mbeki como presidente, Kgalema Motlanthe, é um pouco melhor, tendo já tornado claro que que não considera o governo de Mugabe de legítimo. Mas A Africa do Sul continua a insistir numa solução impraticável cozinhada há vários meses por Mbeki, nomeadamente a formação de um governo de unidade pelo qual Mugabe permanece no poder enquanto o seu oponente Morgan Tsvangirai fica com a tarefa impossível de salvar a economia".

Para o Washington Post a África do Sul deve tornar bem claro a Mugabe que o primeiro passo para se salvar o seu país é ele abandoar o poder. Foi preciso uma intervenção militar dos viizinho Uganda e no Congo para se pôr termo à insanidade de Idi Amin e de Mobutu Sese Sekou, disse o Post que acrescentou: "O Zimbabwe pede a mesma solução".

No que se refere ao Zimbabwe a salieàtar na semana finda uma interessante reportagem de Scott Baldauf do Christian Science Monitor sobre os distúrbios causados por soldados do exercito zimbabwiano na capital. Centenas de soldados atacaram lojase pessoas aparentemente pelo facto de não terem recebido pagamento.

Para Baldauf a presença de soldados bem treinados e armados na capital "nunca é em qualquer situação um bom sinal" e o facto de estar a diminuir a possibilidade de um compromisso político entre Mugabe e Tsvangirai leva a que "aumente diàriamente a possibilidade de violência e de um levantamento descontrolado".

O correspondente do mesmo Christian Science Montior no Gana, Tristan McConnel escreveu uma reportagem interessante sobre as eleições presidenciais no país afirmando haver agora "preocupações de que a enorme e crescente quantidade de cocaína traficada através do pais constitui uma ameaça a um dos raros sucessos em África".

"O Gana pode ser um dos estados mais bem governador na África ocidental, mas de acordo com recentes relatórios das Nações Unidas, é também um dos dois principais pontos para o tráfico de drogas da América do Sul para a Europa. O Outro é a Guiné Bissau" disse o correspondente do Christian Science Monitor, acrescentando que "entidades oficiais envolvidas no combate à droga estimam que até dois mil milhões de dólares de cocaína são traficados pela África ocidental todos os anos, o que representa cerca de um quarto de toda a cocaína importada na Europa".