Pandemia de Resistência Antimicrobiana

RENATO- Especialistas advertem que o mundo corre o risco de ter de enfrentar uma pandemia de resistência antimicrobiana.

ANA- De facto, Renato. Componentes vitais da medicina moderna, tais como cirurgia, transplante de órgãos, quimioterapia para tratamento do cancro e outros podem vir a ser prejudicados se o problema da resistência não vier a ser combatido energicamente o mais cedo possível.

RENATO- Em artigo publicado no prestigioso British Medical Journal, cientistas alertam se o mundo não reagir apropriadamente, há perigo de que voltemos à era pre-antibioticos.

ANA- Os antibióticos existentes estão a perder a sua eficácia num ritmo alarmante, enquanto o desenvolvimento de novos antibióticos está a declinar.

RENATO- Entre 1930 e 1970 mais de uma dezena de categorias de antibióticos foram produzidas. Mas de lá para cá, somente duas.

ANA- É, com efeito, um dado preocupante.

RENATO- A despeito de todas as recomendações divulgadas na imprensa...

ANA- (e neste nosso programa)

RENATO- Sim, claro. A despeito de todo este esforço de divulgação, e de advertências feitas por entidades internacionais como a OMS, os antibióticos continuam a ser utilizados em excesso ou incorrectamente e a auto-medicação prevalece, sobretudo no mundo em desenvolvimento.

ANA- As pessoas precisam compreender que não devem pressionar os médicos para que receitem antibióticos desnecessários, como, por exemplo, para tratar resfriados, bronquites, ou outros problemas.

RENATO- O artigo do British Medical Journal declara, contudo, que a maior responsabilidade na luta contra a resistência antimicrobiana cabe aos governos e entidades internacionais.

ANA- Hoje temos plena consciencia do risco da resistencia antimicrobiana. Mas o Dr. Viktor Lim, professor de patologia, diz não acreditar que se possa prevenir completamente esse fenômeno, pois se trata de algo que é natural, biologico, enquadrado na teoria da evolução de Darwin.

RENATO- Seja como for, ele é agravado pelo uso inapropriado dos antibioticos – a força selectiva que promove o crescimento de bacterias resistentes. E é aí que existe margem para serem tentadas medidas capazes de aliviar a crise.

ANA- A resistência antimicrobiana não vai desaparecer por milagre, o importante é descobrir meios de mante-la sob controlo.

RENATO- Um relatório da Organização Mundial de Saúde, recentemente divulgado, diz que o problema da malária no mundo continua a ser enorme.

ANA – O relatório descreve a situação da malária no mundo até 2006. O numero de casos da doença naquele ano atingiu 247 milhões.

RENATO- Crianças de pouca idade são as mais vulneráveis, mas algumas nações, inclusive em Africa, chegaram a reduzir o numero de mortes pela metade, ao seguirem as medidas recomendadas.

ANA- As nações africanas que conseguiram este resultado elogiavel foram Eritréia, Ruanda e São Tomé e Príncipe.

RENATO- O Relatório da OMS lamenta que nos países africanos, onde ocorrem 86 dos casos de malária, seja difícil colectar dados estatísticos confiáveis.

ANA- Num trecho do Relatório são citados dados estatiscos referentes a 2007. Por exemplo, fica-se sabendo que no ano passado, 125 milhões de pessoas em Africa gozaram de protecção dada por insecticidas pulverizados no interior das residências. Mas, por outro lado, 650 milhões estavam a correr riscos.

RENATO- Actualmente, o tratamento recomendado pela OMS para a malária é uma combinação de medicamentos que tem por base a artemisina, e que é conhecida como ACT.

ANA- Certo. Mas, Renato, em Africa somente 3 por cento das crianças tiveram em 2006 acesso a esse tipo de tratamento.

RENATO- Passemos a outro assunto. Você sabe, Ana, neste ultimo domingo, dia 21, foi comemorado o Dia Mundial da Doença de Azheimer.

ANA- Exacto. Milhares de pessoas participaram de diversos eventos para lembrar que essa doença é um doloroso problema de saude que afecta no mundo 26 milhões de pessoas de idade (5 milhões nos Estados Unidos).

RENATO- Cientistas preveem que até o ano de 2050 este numero deverá quadruplicar.

ANA- Trata-se de uma doença neuro-degenerativa que se manifesta por transtorno da capacidade cognitiva e perda progressiva da memoria. Ela foi identificada pelo neuro-psiquiatra alemão Lois Alzheimer em 1909 e dele derivou o seu nome.

RENATO- Em geral a doença instala-se em pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início aos quarenta anos, e relatos raros de início na infância, de provável cunho genético. Podem aparecer vários casos numa mesma familia, e também pode acontecer caso único, sem nenhum outro parente afetado.

ANA- Não existe cura para a Doença de Alzheimer. O tratamento visa a confortar o paciente e retardar o máximo possível a evolução da doença.

RENATO- Recentemente especialistas americanos concluiram que doses regulares de aspirina podem reduzir os riscos da Doença de Alzheimer.

ANA- A pesquisa mostrou que pessoas que usam analgésicos populares, como aspirina e ibuprofeno, têm 23% menos chances de desenvolver a doença degenerativa do cérebro.

RENATO- As conclusões dos especialistas da Faculdade de Saúde Pública de Bloomberg, em Baltimore,partiram da revisão de seis estudos envolvendo 13.499 pessoas, entre as quais 820 apresentaram a doença.

ANA- O coordenador do trabalho, Peter Zandi, disse que os resultados são "consistentes".

RENATO- Mas os pesquisadores acreditam que ainda hája muito a investigar sobre os benefícios da aspirina contra a Alzheimer.

ANA- "Ainda precisamos entender se os benefícios da aspirina se devem ao tamanho da dose, ao uso prolongado do remédio ou às características do paciente”', acrescentou Zandi.