Tsvangirai Não Acredita que Mugabe Convoque o Parlamento

Tsvangirai não acredita que Mugabe convoque Parlamento em violação do memorando que serve de base as negociações para a partilha do poder. O líder da oposição zimbabweana, Morgan Tsvangirai, disse que se o governo seguir em frente com o planos de convocar o parlamento na próxima semana, está a violar o memorando de entendimento entre as duas partes sobre as negociações para a partilha do poder. Tsvangirai fez esses comentários em Nairobi, depois de se ter encontrado com o primeiro-ministro do Quénia, Raila Odinga.

O líder da oposição zimbabweana Morgan Tsavangirai, afirmou, numa conferência de imprensa, em Nairobi, que não espera que o presidente Mugabe convoque unilateralmente o parlamento zimbabweano, pois tal acção constituiria um “repúdio” do acordo que o governo assinou para as negociações sobre a partilha do poder, após a disputa sobre as eleições presidenciais: “Uma violação do memorando de entendimento terá de ser tratado pelo mediador. Se o presidente Mugabe persistir em convocar o parlamento, nomear um novo governo, isso significa que estará a violar as condições do memorando, significando com isso que poderá abandonar as conversações. Mas, não sabemos ainda quais são as suas intenções” afirmou Tsvangirai.

O memorando de entendimento de 21 de Julho que governa as negociações - mediadas pelo presidente sul-africano Thabo Mbeki - diz que o parlamento só poderá ser convocado ou um novo governo formado, com o acordo das três partes: o governo e as duas facções do Movimento para a Mudança Democrática, lideradas por Morgan Tsvangirai e Arthur Mutambara.

Mas, o secretário do parlamento zimbabweano, Austin Zvoma, disse ,na quarta-feira, que o presidente Mugabe irá inaugurar o parlamento na próxima terça-feira, depois dos deputados serem empossados na segunda-feira.

Na conferência de imprensa em Nairobi, Tsvangirai afirmou que as conversações estão a ter progresso, mas que ele e Mugabe continuam num impasse sobre como distribuir os poderes entre os cargos de presidente e primeiro-ministro, o qual irá, provavelmente, assumir ao abrigo do acordo de partilha do poder.

Tsvangirai, vencedor da primeira volta das eleições presidenciais e desistente da segunda volta, atribuindo o facto a violência política contra os seus simpatizantes, está a procurar apoio de líderes africanos, incluindo o de Raila Odinga que obteve o cargo de primeiro-ministro do Quénia através de um acordo sobre partilha do poder após as disputadas eleições presidenciais em Dezembro do ano passado. “Estamos a fazer consultas em África, especialmente no Quénia, porque queremos beneficiar da experiência do que aconteceu no Quénia e o que irá provavelmente acontecer no Zimbabwé, onde temos esta nova experiência em África, que quando as pessoas perdem as eleições querem negociar o seu regresso de novo ao governo.”

Ma, se o governo do Zimbabwe tem já planos para seguir em frente com a convocação do parlamento, um acordo estilo queniano para o Zimbabwe poderá ser um longo caminho sem fim.