Musharraf resigna

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf anunciou a sua resignação de funções, antes que os opositores políticos dessem inicio aos procedimentos de impugnação.

Musharraf desmentiu ter feito qualquer coisa errada e sublinhou estar a abandonar as funções para bem do país.

Musharraf fez o anuncio durante uma emissão pela televisão a partir do palácio presidencial em Islamabad, parecendo por vezes emocionado durante uma intervenção que durou cerca de uma hora, e aproveitando para passar em revista os quase nove anos que esteve no cargo.

O presidente ridicularizou as acusações de impugnação classificando-as de destituídas de base, sublinhando que a contestação poderia desestabilizar ainda mais o país.

Musharraf afirmou que se demitia para bem do Paquistão.

A resignação de Musharraf põe fim a uma carreira impressionante que teve inicio quando ocupou o poder num golpe sem sangue em 1999. Durante a maior parte do seu mandato manteve forte controle sobre o sector militar paquistanês e as instituições políticas.

No entanto, e na sequência de uma serie de contestações legais apresentadas o ano passado, demitiu o governo e decretou o estado de emergência.

Foi então que Musharraf ficou sob crescente pressão interna e internacional no sentido de uma maior abertura. Abandonou a chefia militar e realizou eleições nacionais em que o seu partido foi estrondosamente derrotado.

O senador do Partido do Povo Paquistanês, Raza Rabbani classificou a resignação de Musharraf como sendo a vitoria da democracia.

'Penso que esta seja a primeira vez na historia política do Paquistão em que a vontade da população prevaleceu sobre as instituições. '

Musharraf afirmou que os seus opositores políticos apresentaram acusações sem fundamento, incluindo a de o responsabilizar pela deterioração da economia o que aconteceu apenas depois de chegar ao poder.

Nos últimos meses, apagões de energia eletrica, aumentos dos custos alimentares, um mercado de acções em queda e a desvalorização da rupia paquistanesa têm sido temas de controvérsia num país empobrecido.

Ehsan Iqbal um dos porta vozes do Partido Muçulmano Paquistanês, afirmou que a resignação de Musharraf vai permitir ao governo tratar de outros assuntos prementes.

'A saída de Musharraf vai tornar o Paquistão mais estável. Assistimos já a reacção positiva por parte do mercado de acções, e vimos a Rupia valorizar-se face ao dólar.'

Com a saída de Musharraf, o regresso dos principais juizes que demitiu deve ser tema principal da agenda do governo de coligação.

O futuro do presidente está ainda a ser motivo de analise já que alguns dirigentes políticos indicaram desejar apresentar acusações criminais contra ele.

Nos últimos dias alguns políticos indicaram que no caso do presidente resignar poderia ser lhe concedida imunidade ou um salvo conduto para o exílio.

Musharraf abordou o seu futuro legal quase no final do seu discurso indicando desejar que a nação e a opinião publica determinem o seu futuro.

'Deixem que sejam os juizes a determinar e que façam justiça.'

A concluir o seu discurso Musharraf afirmou ... 'vou sair mas que Deus salve o Paquistão.'