Zimbabwe: Raptado Activista do MDC

São crescentes as preocupações relativamente ao que terá acontecido a um dos mais conhecidos activistas políticos zimbabweanos, que foi preso em sua casa vai para mais de seis dias.

Tonderai Ndira, de 33 anos de idade, casado pai de dois filhos, vivia no centro de um dos mais politicamente voláteis bairros da lata de Harare, mais precisamente em Mabvuku.

Na passada quarta-feira, quatro indivíduos à paisana, fazendo-se transportar numa carrinha branca de tracção às quatro rodas foram a sua casa e, alegadamente, espancaram Ndira em frente aos seus dois filhos, Raphael e Linete, após o que o levaram consigo.

Desde então, nunca mais se ouviu falar dele. Também em Harare, quatro outros activistas que foram raptados na mesma altura foram, entretanto, libertados e regressaram a casa.

Desde que o Movimento Democrático para a Mudança foi formado, em Setembro de 1999, que Ndira foi um activista com acções de rua e organizando as estruturas urbanas de todas as campanhas pró-democracia.

Até agora, a sua família e amigos estão em crer que Ndira foi preso umas 35 vezes, o que constitui um recorde na história política do Zimbabwe. No ano passado, passou cinco meses detido e nunca foi levado a tribunal em ligação com as prisões de que foi alvo, porque a polícia nunca reuniu provas de que tenha cometido crimes.

Tonderai Ndira tem sido regularmente atacado por alegados elementos do partido ZANU-PF, do presidente Mugabe, ou por formas de segurança, tendo sido hospitalizado com feridos graves em 2003.

O ministro da Segurança, Didymus Mutasa e a polícia do Zimbabwe, bem como responsáveis do exército não responderam quando questionados sobre o paradeiro de Ndira.

O MDC afirma que mais de 30 dos seus apoiantes e activistas foram mortos desde as eleições de 29 de Março, no Zimbabwe.

Vários generais reformados sul-africanos, que regressaram ao seu país, na semana passada, depois de terem investigado a situação de violência policial no Zimbabwe, informaram o presidente Thabo Mbeki que ficaram chocados com o que lhe foi dado ver no decorrer do inquérito realizado.

O presidente Mugabe denunciou os actos de violência, mas disse que o seu partido nunca poderia cometer actos de violência contra o seu próprio povo. Mugabe acusa o MDC, na oposição, de o estar a fazer.

Mas, para muitos observadores, a crescente violência e vaga de intimidação, na sua maioria dirigida contra os apoiantes da oposição, tornam virtualmente impossível que as planeadas eleições de 27 de Junho sejam credíveis.

No dia 29 de Março, o MDC derrotou a ZANU-PF nas eleições parlamentares. O líder do MDC, Morgan Tsvangirai, venceu o presidente Robert Mugabe nas presidenciais, mas os resultados oficiais não dão a Tsvangirai uma maioria de 50 por cento dos votos, pelo que se torna necessária uma segunda volta.