A Human Rights Watch acusou o exército zimbabueano de apoiar a campanha de terror contra opositores do partido ZANU-PF, do presidente Mugabe.
Aquela organização de direitos humanos, sediada em Nova York afirmou também ser impossível organizar uma segunda volta credível das eleições presidenciais no actual clima de receio e violência que se vive no Zimbabwe.
A Human Rights Watch disse que a ZANU-PF embarcou numa campanha de violência sistemática e com alvos precisos contra o Movimento para a Mudança Democrática e quem quer que seja suspeito de ter votado pelo partido da oposição nas eleições de 29 de Março.
A investigadora Tiseke Kasambala, da Human Rights Watch, diz que a campanha está bem orquestrada e é apoiada pelo Exército do Zimbabwe.
“Como disse, oficiais superiores do exército estão implicados nesses actos de violência. Testemunhas oculares e vitimas mencionaram-nos nomes de oficiais do exército que foram vistos a comandar incursões a casas de simpatizantes do MDC juntamente com veteranos de guerra da ZANU-PF”.
Kasambala acrescentou que para além do envolvimento directo na violência, o exército tem distribuído armas e camiões militares aos chamados veteranos de guerra e a organização de juventude da ZANU-PF.
A investigadora da Human Rights Watch nota que a maior parte da violência tem ocorrido em áreas que apoiam tradicionalmente Mugabe e o seu partido, mas onde os resultados mostraram que desta vez as pessoas votaram maioritariamente na oposição.
As áreas são rurais e Kasambala diz que elas foram isoladas do mundo exterior por barreiras da policia e do exército e ela receia a ocorrência de uma crise humanitária.
“A nossa preocupação, como sublinhei anteriormente, e o facto de organizações humanitárias não poderem ter acesso a alguns desses locais. Como a província da Mashonalandia Oriental que é a pior em termos de violência e está totalmente inacessível mesmo para as agencia humanitárias. Ouvimos também que na Mashoinalandia Ocidental existe crise e que os trabalhadores humanitários não receberam autorização para lá se deslocarem”.
O governo zimbabueano acusou os mídia de fabricarem noticias de agitações publicando fotos da violência registada em 2002 e diz que se há qualquer violência ela vem do Movimento para a Mudança Democrática.
O comissário-geral da Policia do Zimbabwe, Augustine Chihuri, afirmou num comunicado que as reivindicações de violações de direitos humanos pelo Movimento para a Mudança Democrática, quando é ele culpado da violência, não vão funcionar desta vez.
Mas a Human Rights Watch afirma que embora tenha documento dois casos de violência perpetrados por apoiantes do MDC, eles foram actos espontâneos e efectuados como vingança por ataques perpetrados pelo partido governamental.
Embora os resultados das eleições parlamentares e locais sejam conhecidos, a Comissão Nacional de Eleições ainda não divulgou os resultados das eleições presidenciais.
Passadas mais de quatro semanas, a Comissão diz que vai nos próximos dias dar inicio a um processo de verificação dos resultados eleitorais com representantes dos candidatos presidenciais.
O líder do MDC, Morgan Tsvangirai, reclamou a vitoria nas eleições presidenciais, mas a ZANU-PF diz que não houve um vencedor claro e que haverá uma segunda volta.
Ksambala notou que no clima presente de terror e intimidação não será possível realizar uma segunda volta credível.
A Human Rights Watch apelou as Nações Unidas e a União Africana para insistirem que uma segunda volta das presidenciais no Zimbabwe não poderá ocorrer nas actuais circunstancias.