Guerra às Drogas Ilegais

O Afeganistão fornece cerca de 93% de opiáceos ilegais que circulam no mercado global -- como a heroína, o ópio e a morfina. A produção ilegal de papoilas aumentou 17% no último ano, apesar dos esforços da comunidade internacional para eliminar a produção.

Num relatório divulgado pelo Departamento das Nações Unidas para o Controlo Internacional de Narcóticos, apela-se ao governo afegão para que responda ao problema.

Koli Kouame, secretário deste departamento, conversou com a VOA. Para Kouame a chave está na melhoria das condições de segurança:” Temos visto que há uma relação entre a segurança e a produção de ópio. Vimos, por exemplo, nas províncias onde parece prevalecer a segurança, que o cultivo do ópio ou foi eliminado ou reduzido. Algo que temos que ter consciência é que os agricultores afegãos que fazem cultivo do ópio não têm lucros com isto, quem faz grandes lucros são os grandes traficantes, os quais precisam de ser presos. Este é um crime contra a humanidade.”

Mas Christina Oguz, responsável por este departamento no Afeganistão indica que o ópio é um comércio anual de quatro biliões de dólares aquele país, e que este dinheiro transforma as redes de tráfico em elementos poderosos num país empobrecido: “As redes são muito poderosas porque os traficantes de drogas estão ligados a autoridades oficiais corruptas e a redes criminosas fora do Afeganistão”.

O relatório da ONU diz, também, que a África Ocidental se está a tornar um importante ponto de passagem para a cocaína que sai da América Latina para a Europa. A polícia internacional, a INTERPOL, estima que entre 200 a 300 mil toneladas de drogas passam pela África Ocidental, onde é armazenada e de novo embalada para ser transportada.

Kouame nota que muitos países da África Ocidental não têm meios de responder a este desafio:”Quando os estados são fracos, quando as instituições são fracas e quando esta situação é agravada por questões governamentais, tornam-se obviamente um alvo fácil para os traficantes de drogas, pois podem manipular com facilidade estes estados, e tomar mesmo conta deles -- diz Kouame acrescentando que não se podem fazer milagres, mas há coisas que podem ser feitas, como reforçar o cumprimento da lei e em alguns casos a concessão de assistência maciça a pessoas que estejam, por exemplo, a conduzir uma investigação."

O relatório da ONU adverte também contra o apoio dado ao uso e consumo de drogas por celebridades. Celebridades que com o seu estilo de vida podem dar uma imagem errada do consumo de drogas, sobretudo a jovens, uma camada muito influenciável.

A ONU adverte, ainda, que uma certa ligeireza no tratamento de casos de consumidores de drogas ilegais, de certa celebridade, pode minar o sistema judicial e a guerra às drogas ilegais.