Na Rússia, com praticamente todos os boletins de voto contados das eleições presidenciais de domingo, o candidato do Kremlin Dimitri Medvedev, recolheu mais votos do que todos os seus opositores juntos. Medvedev disse que o presidente em fim de mandato, Vladimir Putin, irá ocupar o cargo de primeiro-ministro.
A vitoria mais do que esperada de Medvedev é agora oficial. O chefe da Comissão Central de Eleições, Vladimir Churov, anunciou os resultados preliminares hoje numa conferencia de imprensa em Moscovo. Os únicos boletins de votos que ainda não foram contados são de russos que votaram no estrangeiro e em locais inacessíveis da Rússia.
O meio por cento de votos ainda não contados não mudará o resultado das eleições, já que Medvedev recolheu mais de 70 por cento dos escrutínios. O comunista Gennady Zyuganov foi o segundo candidato mais votado, com perto de 18 por cento. Vladimir Zhirinovsky, o candidato eterno do Partido Liberal Democrático, recebeu menos de 10 por cento, e Andrei Bogdanov, um político quase totalmente desconhecido, obteve pouco mais de um por cento.
Nenhum dos adversários era uma séria ameaça a Medvedev. Políticos que poderiam colocar alguma ameaça – incluindo o antigo campeão mundial de xadrez Garrey Kasparov, o activista de direitos humanos Vladimir Bukovsky, o reformador Boris Nemtsov e o antigo primeiro-ministro Mikhail Kasyanov – foram proibidos de concorrerem às eleições presidenciais devido a questões de ordem técnica.
O chefe da Comissão Central de Eleições, Vladimir Churov, informou que a presença as urnas rondou os 70 por cento, um recorde a nível nacional. Mas Lilia Shibanova, directora do grupo independente dos direitos dos votantes, Golos, afirmou que a organização recebeu numerosos telefonemas de pessoas queixando-se de que foram forçadas a votar, aparentemente por funcionários do poder local.
Medvedev afirmou que a nomeação de Putin para primeiro-ministro não vai criar dificuldades porque a Constituição Russa define claramente as competências do presidente e do chefe do governo e que ele terá a autoridade constitucional sobre a política externa.
Medvedev disse que a principal prioridade da política externa da Rússia será manter as relações com os países vizinhos mais próximos – membros da Comunidade dos Estados Independentes e que a sua primeira visita ao estrangeiro será a um desses países.
Entretanto, o chefe da delegação de observadores da Assembleia Parlamentar da Europa, Andreas Gross, afirmou que os resultados eleitorais reflectem a vontade de um eleitorado cujo potencial democrático não foi deixado a vontade. Gross afirmou que as falhas nas eleições presidenciais foram uma repetição das mesmas que ocorreram nas eleições parlamentares de Dezembro. Mencionou a desigualdade de acesso aos órgãos de informação pelos candidatos da oposição, uma das razoes porque críticos russos classificaram as eleições como uma “encenação”.
Cerca de 300 observadores estrangeiros monitoraram as presidenciais russas que envolveram cerca de 96 mil assembleias de voto em 11 fusos horários.