Escravatura Infantil na Guiné Conakry

Na Guiné Conakry, crianças são escravizadas, trabalhando sem receberem qualquer tipo de compensação, procurando desesperadamente quebrar o cicio de abuso de que são vítimas.

Mamadou Aliou Barry, órfão, de 13 anos, trabalha como aprendiz de mecânico. Não recebe um salário e tem de caminhar uma hora para o emprego. Dorme no chão de uma pequena sala de estar de uma casa pertencente a um homem a quem chama de seu tutor.

Mamadou diz que sai de casa às seis da manhã sem pequeno-almoço. Algumas vezes, na garagem, alguém lhe dá cerca de 20 cêntimos para comprar um prato de feijões. E, habitualmente, a sua única refeição do dia.

Quando regressa a casa, por volta das nove da noite, após caminhar mais uma hora, algumas vezes tem um prato de comida à sua espera, mas outras não.

Mamadou explica que, quando os seus pais morreram, ele foi entregue a um homem que tinha o seu apelido, mas que, depois do homem morrer, os seus filhos começaram a bater-lhe e ele saiu de casa e foi recebido por um vizinho.

Mamadou afirmou que muito pouco da sua vida mudou com o novo tutor. Foi forçado a partir pedra para outras pessoas contruirem as suas casas. Disse que foi agredido, nunca pago e raramente alimentado.

Mas, acrescentou, que a sua sorte mudou quando uma organização de ajuda o localizou e convenceu o seu tutor a deixá-lo tornar-se um aprendiz de mecânico.

Diz que, agora, mesmo que ainda não seja pago e o seu tutor não esteja muito satisfeito, está a aprender algo que será útil para si.

Alia Camará, um outro jovem, trabalha numa carpintaria e afirma que frequentava a escola, na cidade de Kindia, na parte central da Guiné-Conakry, mas que, no dia do funeral do seu pai, o seu irmão o levou a um homem que tinha o seu apelido.

Existem poucos apelidos na Guiné-Conakry e as pessoas sentem que existe um parentesco com aqueles que têm o mesmo apelido, o que e muito provável.

Alia foi levado para Conakry e forçado a vender baldes de plástico nas ruas da cidade, até convencer o seu tutor a deixá-lo ser um aprendiz de carpinteiro. Ele também não e pago, mas sente-se agora confiante no seu futuro.

Afirma que, um dia, gostaria de abrir uma carpintaria sua e também salvar crianças que foram abandonadas. Diz ele que, se um dia tiver filho, irá ajudá-los sempre e irá garantir que eles estudem e aprendam uma profissão.

Jeanne Ali, por seu lado, afirma estar muito satisfeita pelas mudanças que Alia e Mamadou estão a registar, apesar das suas vidas serem ainda muito difíceis.

Jeanne trabalha para um grupo chamado Acção contra a Exploração de Crianças e Mulheres que tenta convencer os tutores para quem as crianças trabalham a darem-lhes melhores perspectivas para o seu futuro.

Disse ela também que o grupo tenta convencer os tutores a não espancarem essas crianças e que, quando lhes é dito que isso não e uma boa ideia, eles param. Jeanne Ali afirmou que muitas pessoas não têm a ideia de como se pode destruir o futuro de uma criança pela forma como estas são tratadas.

Jeanne Ali informou que os jovens constituem mais de metade da população da Guiné-Conakry e que a maior parte deles continuam em trabalhar em condições próximas da escravatura, sem quaisquer perspectivas para um futuro melhor.

Afirmou ainda que o governo e grupos de ajuda devem alertar para o facto de que a prática da escravatura infantil, prevalecente através da África Ocidental, não é uma forma de construir um país e que ajudar a pôr fim a essa realidade é crucial para que sejam feitos progressos.