A organização Repórteres Sem Fronteiras sustenta que a Somália constitui o país africano mais perigoso para se ser jornalista, e que a situação se está a deteriorar rapidamente.
Os comentários do grupo segue-se à morte, a tiro do oitavo jornalista na cidade de Mogadiscio.
Muitos jornalistas somalis estão pura e simplesmente a abandonar o país.
Leonard Vincent, o responsável da divisão para África da organização Repórteres Sem Fronteiras, considera que a violência contra jornalistas na Somália é agora mais séria do que anteriormente e que a situação está a piorar rápidamente.
“Claramente 2007 é um dos piores anos na Somália para a imprensa. Em África, a Somália é, este ano, a nação mais mortal para os jornalistas. E a situação está realmente a deteriorar-se e está a deteriorar-se por que ninguém faz nada”.
Vincent deseja que a comunidade internacional actue para proteger a liberdade de imprensa na Somália, onde os repórteres são visados pela totalidade das partes envolvidas no conflito.
Na Somália, o movimento islamita que estava no poder foi derrubado em Dezembro pelo governo interino secular que a ajuda militar da Etiópia.
Desde então o governo interino tem enfrentado uma revolta sangrenta por parte de grupos islâmicos que tentam fazer a Somália regressar a um estado islâmico.
Segundo Vincent, os jornalistas são apanhados no meio.
“Fica-se apanhado no fogo cruzado das detenções arbitrárias, por um lado e a violência bruta, e os assassinatos por outro. A maior parte dos jornalistas que conheço estão ou escondidos ou tentam fugir de Mogadiscio”.
No mais recente incidente mortal, o director da radio Shabelle, foi abatido a tiro na passada sexta feira, no exterior da sua casa em Mogadiscio.
Igualmente na sexta feira, as forças de segurança da região semi autónoma da Puntlandia detiveram três jornalistas e encerraram a Radio Garowe.
Embora os três jornalistas tenham sido libertados, um dos detidos, o director da Radio Garowe, afirmou a Voz da América recear que venha a ser morto.
“Antes de nos libertarem disseram-nos... Se não gostam disto... Trataremos de vocês”.
Muitos jornalistas deixaram a Somália para se exilarem noutros países da região. Um repórter somali, Hassan agora no exílio no Quénia, adianta que nunca se sabe qual o grupo que fica ofendido, ou de onde poderá vir a ameaça.
“Se noticiar qualquer assunto – quer seja do governo, quer seja sobre os rebeldes, quer seja de qualquer figura política, posso vir a ser alvejado. Foi por isso que me vi forcado a deixara a Somália para um local onde me sinta seguro”.
Os meios de comunicação internacionais também estiveram debaixo de fogo em Mogadiscio quando indivíduos armados atingiram a tiro e mataram um operador de câmara sueco quando, em Junho passado filmava uma manifestação.