AFRICOM: Primeira Missão Arranca Hoje

Um navio de guerra dos EUA parte, hoje, para uma missão de sete meses na África Ocidental, como parte do aumento do envolvimento americano com o continente, na sequência de uma série de reuniões a nível regional.

Na sua primeira conferência de imprensa desde que foi designado para o cargo de primeiro chefe no recém-criado comando americano para África, há duas semanas, o general William Ward afirma que o local escolhido para a sede do AFRICOM não será conhecido durante algum tempo.

O navio de desembarque de tropas USS Fort McHenry vai zarpar, esta terça-feira, da base naval americana de Norfolk, na Virgínia, para estabelecer o que responsáveis da marinha definem como uma estação de parceria na África Ocidental.

Fontes oficiais afirmam que o objectivo é fornecer uma “presença persistente” na área do Golfo da Guiné sem a necessidade de colocar uma grande quantidade de tropas no terreno. O navio, bem como um outro que se juntará a esta missão, mais tarde, vai treinar forças navais em onze países durante uma missão que irá durar sete meses.

O Golfo da Guiné tem uma importância estratégica significativa uma vez que uma grande percentagem das importações do petróleo americano passa por ali e as autoridades americanas estão preocupadas com o crime organizado e com a potencialidade de actividades terroristas na região.

Na sua primeira conferência de imprensa, realizada no Pentágono, desde que assumiu a chefia do AFRICOM, o general William Ward disse que este tipo de iniciativas serão realizadas, cada vez mais, no futuro: “Fornece um bom exemplo acerca da forma como o novo comando africano americano funciona e ajuda os nossos parceiros no continente Africano a aumentar a sua capacidade por forma a melhor governarem os seus espaços, a fornecerem segurança de uma forma mais eficaz para os seus povos, bem como fazendo coisas que são importantes para garantir o desenvolvimento do continente de forma a promover a globalização das suas economias e a desenvolver as suas sociedades para melhorar a situação dos seus povos”.

O general Ward afirma que o AFRICOM irá fazer o mesmo tipo de treino e missões de ajuda humanitária que os militares americanos vêm fazendo em África há anos, mas irão fazer mais e com uma melhor coordenação com outras agências do governo americano e dos governos africanos.

Aquele oficial general adiantou que tais missões deverão ajudar a aliviar preocupações existentes em muitos países africanos acerca de alegados planos para o estabelecimento de bases americanas no continente e para “militarizar” a política africana dos EUA: “Uma vez que o comando comece a operar, eles irão ver que esse exagero de estabelecer grandes bases não faz parte da realidade”.

O general Ward disse ainda da questão sobre onde colocar o quartel-general do AFRICOM não ficará definida durante algum tempo. Disse ele que ainda não iniciou consultas com os governos da região e adianta que necessita de determinar qual a dimensão do quartel-general de que pretende e onde o deseja instalar.

Mas, o general espera que a confusão e as preocupações acerca da localização e papel do Comando Africano serão reduzidas agora que assumiu a chefia do cargo: “Agora existe uma voz que se pronuncia acerca do que o comando irá ou não irá ser. É a minha voz. E, à medida em que for falando com os líderes do vários países, explicando as intenções e o propósito do comando, penso que tudo irá ficar muito mais claro.”

O comando das forças navais americanas na Europa, que é responsável pela estação de parceria em África afirma que, mesmo que o AFRICOM não esteja totalmente operacional, a marinha de guerra transitou do que designou por envolvimento “episódico” no continente para uma presença quase constante, em resposta aos pedidos dos países africanos.

Numa entrevista à VOA, o almirante afirmou que o objectivo não é o de colocar grandes armadas em África, mas, sim, o de ajudar aqueles países a controlar parte do seu território marítimo: “Quando se fala em “capacidade militar”, vem à ideia de que vamos ter armadas ali, desenvolvendo uma actividade bélica. É exactamente o contrário disso que vamos fazer. Estamos a falar de forças de segurança marítimas que sejam capazes de vigiar as suas zonas económicas exclusivas, que sejam capazes de ver se o que está a ser feito é legal ou ilegal e se eles têm capacidade para aplicar as suas próprias leis e as leis internacionais. É disso que estamos a falar.”

O almirante Ulrich, que pertence ao Comando Europeu Americano, afirma que tendo um novo comando centrando a sua atenção em África ajuda a fornecer os recursos para corresponder às necessidades de manter o esforço militar americano junto das estruturas militares africanas.