Sudão Contesta Existência de Genocídio em Darfur

O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Sudão afirma que o presidente Bush está errado ao designar a sangrenta violência na problemática região de Darfur de genocídio, num momento em que os EUA apelam para o rápido envio de uma força de manutenção da paz da ONU para aquela zona.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros sudanês, Lam Akol, admite a existência sangrenta situação que se desenvolveu durante anos em Darfur, mas, em declarações à rede de televisão CNN, refere que se não trata de um genocídio, como alega a administração Bush: “Não estamos a negar que, em qualquer guerra, há pessoas que morrem no fogo cruzado. Na guerra, há mortes desnecessárias. Isso é comum. Mas, no que discordamos é da forma exagerada como se classificou a situação de genocídio. Há apenas um país no mundo que disse ter havido um genocídio no Sudão. E genocídio é uma palavra com uma definição precisa. E essa definição não se aplica ao Sudão.”

Há menos de duas semanas atrás, o presidente Bush repetiu a sua afirmação de que se assiste a um genocídio em Darfur. Falando perante as Nações Unidas, Bush mostrou pouca paciência relativamente a qualquer disputa sobre o significado da palavra genocídio: “A minha nação qualificou o que se passa em Darfur com um genocídio. Talvez haja quem não pense tratar-se de um genocídio. Mas se um povo está a ser morto sem piedade por bandos atacantes, sabe-se que se trata de um genocídio”.

Cerca de 200 mil pessoas morreram em Darfur nos últimos anos, na sua maioria às mãos de milícias apoiadas pelo governo de Cartum. Muitos mais têm sido desalojadas quando as suas aldeias foram destruídas por forças atacantes.

Susan Rice, que foi Secretária de Estado Assistente para os Assuntos Africanos durante a administração Clinton também foi ouvida pela CNN: “Isto é muito mais do que uma guerra civil. Há guerras civis um pouco por todo o mundo. Mas, o governo do Sudão tomou uma decisão consciente de ir mais longe e de empregar tácticas que constituem genocídio: violações sexuais, desalojamento de populações, assassínio, incêndio de aldeias para apagar do mapa tribos inteiras”.

Ao lado de Susan Rice estava um conselheiro do presidente do Grupo para as Crises Internacionais sobre Darfur, John Pendergast, o qual disse que Cartum tem focado a sua atenção nos grupos de pessoas (e citamos) “anulando-os e tornando-os extintos”. Ele alega que muitos governos evitaram designar de genocídio o morticínio em Darfur porque, se o fizessem, teriam de actuar de acordo com essa realidade.

Em Darfur, está previsto que, no início do próximo ano, uma força de manutenção da paz da ONU venha assumir funções, apoiando um contigente muito menor da União Africana.