Darfur:Senegal Considera Retirada das suas Tropas, EUA Falam em Novas Sanções

Os EUA ameaçam aplicar novas sanções contra o governo sudanês e contra os grupos rebeldes, caso prossigam os ataques contra civis e soldados das forças de manutenção da paz.

A advertência foi feita num momento em que responsáveis da União Africana investigavam o ataque de sábado, que resultou na morte de dez soldados da União Africana.

O governo do Senegal advertiu que vai tomar em consideração uma possível retirada das suas tropas na força de manutenção da paz da União África que se encontram em Darfur, se não forem dados passos para garantir a segurança do seu contingente. No sábado, pelo menos 10 soldados da União Africana, provenientes do Senegal, Mali e Nigéria morreram durante um ataque dos rebeldes à sua base.

Entidades governamentais senegalesas exigiram que fosse iniciada uma investigação ao ataque de sábado e apelou para o rápido envio da força conjunta da União Africana e das Nações Unidas, que deverá começar a patrulhar a região até ao fim deste ano.

O presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, afirmou que, se fosse apurado que os soldados que morreram não estavam devidamente equipados para se defenderem, o Senegal devia considerar uma retirada. Cinco soldados senegaleses tinham já morrido em Abril passado num ataque em Darfur.

O porta voz militar senegalês, Ousmane Sar, afirmou que o futuro do envolvimento militar senegalês em Darfur está nas mãos do governo. As tropas, acrescentou, permanecem resolutas apesar do risco acrescido, no que se refere a defender Darfur. A região de Darfur está a ser patrulhada por cerca de sete mil soldados da União Africana. A força híbrida das Nações Unidas e da União Africana elevará o total para 26 mil soldados. O analista de questões africanas, Festus Mogaye, afirma que é muitas vezes difícil para os países africanos empobrecidos sustentarem uma força adequada num conflito como o de Darfur: ”Estamos a falar de um continente onde as democracias são frágeis, onde existem outros sérios problemas relacionados com a lei e a ordem , para não falar dos desastres naturais. Acho que estamos a pedir demais a África.”

Abogaye acrescentou que a União Africana fez o seu melhor para usar tropas africanas para resolver problemas africanos, mas salientou que os fundos para tal não existem: ”Acho que temos que louvar a União Africana pela vontade política que foi capaz de demonstrar. Mas, para além da vontade política, temos agora que lidar com coisas mais substanciais e é isso que é mais preocupante.”

O ataque de sábado passado foi, entretanto, considerado a pior agressão contra as forças da União Africana desde o seu envio para Darfur em 2004.