Na dividida Costa do Marfim, a musica propaga-se numa popular área comercial ao ar livre de Abidjan, conhecida por Inchallah, que significa “Oxalá”.
O que é conhecido localmente por um “lugar de fumo” foi recentemente demolido, perto das barracas de venda, por residentes zangados. Um “lugar de fumo” é um local onde drogas como cocaína, anfetaminas, morfina e heroina são vendidas e consumidas.
Um dos residentes que tomou parte na acção vigilante disse que tinha visto a Policia trocar dinheiro e drogas com vendedores locais.
O Representante Especial das Nações Unidas para a região, Ahmedou Ould Abdallah, disse que os vendedores de drogas podem ter tido laços com cartéis fora da África Ocidental.
“Nos últimos meses, fomos avisados de um maciço tráfico de drogas duras, provavelmente da América Latina”.
Um dos pontos de transito bem conhecidos é a Guiné-Bissau, onde as drogas chegadas ao país em avionetas são armazenadas nas ilhas ou em áreas costeiras.
Recentemente, cocaína apreendida – com um preço de rua de mais de 30 milhões de dólares ou cerca de 10 por cento do Produto Interno Bruto da Guiné-Bissau – desapareceu de instalações governamentais.
Abdalah afirmou ser difícil estimar quanto dinheiro é feito com a droga na África Ocidental, por quem e com que objectivos.
“O dinheiro relacionado com o tráfico de droga é tão importante que pode servir como cobertura por quaisquer actividades legitimas ou ilegítimas. A nossa preocupação é que a região é muito vasta”.
O Representante Especial das Nações Unidas apontou o Burkina Faso, Mauritânia e Niger como outros centros de tráfico de drogas, acrescentando que a maioria das drogas seguem para a Europa, onde um Euro forte e um maior uso da cocaína alimentam o comércio.
Rusty Payne, da agencia norte-americana para o combate as drogas (DEA), afirmou haver provas de que bandos criminosos na América Latina estão a trabalhar estreitamente com muitos países da África Ocidental.
“Essas organizações criminosas estão a estabelecer laços como organizações criminosas africanas em lugares como o Gana, Nigéria, Senegal e Togo. E, o que estão a fazer é ganhar vantagem de governos menos desenvolvidos nesses países onde tem a possibilidade de enviar com mais facilidade drogas para a Europa.”
Payne afirmou também que redes criminosas europeias estão também envolvidas na África Ocidental.
“A África Ocidental está também a tornar-se uma plataforma chave de comando e controlo para organizações de tráfico de drogas espanholas e italianas. Elas utilizam as ilhas de Cabo Verde, o Gana, Nigéria, Guiné-Bissau, Senegal e Togo e a parte ocidental do continente. Essas organizações usam a costa para enviar a cocaína em barcos a vela e navios de pesca para a Europa.”
Jean-Claude Koffe, um funcionário do Centro Regional de Treino no Combate as Drogas, na Costa do Marfim, disse que as chamadas “mulas” humanas que transportam as drogas – algumas vezes no interior dos seus corpos – estão também a usar a África Ocidental.
Ele disse que os traficantes são ingénuos e mudam de métodos rapidamente. Disse também que as mulas das drogas podem ser mulheres e crianças.
Uma mulher congolesa com 108 capsulas de cocaína no interior do seu corpo morreu recentemente no Benin, depois de uma das cápsulas ter explodido.
Criminosos libaneses e europeus são conhecidos por transportar drogas nos seus carros particulares.
O agente americano Payne advertiu que o problema da droga pode debilitar a África Ocidental, se os governos locais não tomarem medidas apropriadas para combater o flagelo.
“Para esses países que se estão a desenvolver, nada pode ser mais danificador. O tráfico de droga é um vasto problema internacional. Envolve soluções globais. E, ao mesmo tempo, países que tem de lidar com isso, que estão a tentar desenvolver-se e estabelecer o primado da lei, não precisa; disso. Isso mais não faz do que entravá-los. E, representa provávelmente uma grande ameaça”.
Funcionários governamentais através da África Ocidental têm solicitado ajuda em recentes conferencias, afirmando que os seus países estão a ficar vitimados pelo comércio das drogas, sem terem tido inicialmente qualquer culpas.
Aqueles funcionários receiam que organizações de drogas venham lentamente a exercer a sua influencia através dos governos, exércitos e policias, ameaçando tornar países da África Ocidental em violentos “narco-estados”.