Em digressão pelo continente africano, esteve recentemente o subsecretário americano para a defesa, Ryan Henry, com o propósito de expor aos governos africanos os propósitos e a filosofia do recém anunciado comando militar americano para a África.
Nos encontros mantidos na Nigéria, na África do Sul, no Quénia, na Etiópia, no Ghana, no Senegal e nas reuniões com os funcionários da União Africana, aquele responsável do Pentágono disse ter deparado, com o que considerou de “vários graus de franqueza”.
De acordo com Ryan Henry, nos contactos mantidos com os governantes africanos, ficou patente “a existência de alguns mal entendidos”, a propósito do futuro comando operacional dos Estados Unidos para o continente, que, entretanto foi sendo superado à medida que os contornos da iniciativa foram sendo esclarecidos.
O subsecretário da defesa dos Estados Unidos disse por outro lado ter reiterado aos lideres africanos, que a criação do comando militar para a África “não se traduzirá num incremento da actividade militar americana no continente” mas que pelo contrario “vai servir de suporte ao alargamento do apoio do governo americano aos países africanos no sentido da melhoria das condições de segurança e de vida das populações locais”.
Para aquele governante americano, a presença daquele comando militar no continente, não deixa de representar “um acréscimo significativo em termos de recursos disponibilizados pelos Estados Unidos, a África”.
De acordo com o subsecretário da defesa, o AfriCom, designação atribuída ao futuro comando militar dos Estados Unidos para a África, será no fundo uma espécie de conjugação de esforços de varias agencias e departamentos governamentais americanos, nomeadamente da Agencia Americana para o Desenvolvimento, a USAID alem de outras organizações de natureza civil e militar.
Para já se sabe que o vice-comando daquela estrutura americana será assegurado por um civil que terá a missão de coadjuvar uma alta patente militar, este o comandante da AfriCom.
Diga-se que esclarecimentos prestados as lideranças em África, no âmbito do seu périplo pelo continente e que segundo Ryan Henry contribuíram para o desanuviamento das reservas iniciais dos africanos, a iniciativa.
Uma delas tem precisamente a haver com a ideia inicial de que AfriCom teria sido concebido por Washington, com três propósitos no horizonte, a saber-se o combate ao terrorismo em África, como arma de contenção da diplomacia chinesa no continente ou ainda para facilitar o acesso dos americanos aos recursos naturais africanos, particularmente o petróleo.
Mas para já, duvidas e reservas legitimas dos africanos, para cujo esclarecimento, o Pentágono acredita que o périplo africano daquele seu responsável poderá ter contribuído.
“Penso termos chegado a um ponto de entendimento. Não identificamos, por parte dos africanos nenhuma resistência especifica a ideia. Temos a sensação de que através do AfriCom e de consultas periódicas dessa natureza, os africanos serão obviamente mais receptivos a ideia “- frisou aquele responsável do Pentágono para as políticas de defesa.
A VOA conseguiu ainda apurar que o AfriCom será instituído em Setembro próximo como uma sub-unidade do comando dos Estados Unidos para a Europa, que saliente-se tem vindo a assumir o grosso das operações militares americanas em África.
O futuro comando militar americano para a África, cuja criação foi anunciada em Fevereiro ultimo pelo presidente George Bush, será por outro lado distinto dos demais estruturas militares regionais do género, dos Estados Unidos, e como parte da sua missão em África, estará vocacionado ao treinamento das forcas africanas e no apoio aos governos locais, na persecução das metas definidas pela União Africana.
“Aprendemos, diria, tanto na Somália, em Darfur como na Libéria e através do que aconteceu há precisamente uma década na África Central... Em termos de capacidade para garantir a segurança e de dificuldades de movimentação das suas forcas dentro do próprio continente, os africanos estão ainda numa fase primaria. Portanto forças africanas e não estrangeiras podem representar uma grande diferença na superação de alguns desses problemas”.- palavras de Ryan Henry.
De realçar que uma das ideia subjacentes à iniciativa, de acordo com o Pentágono passa igualmente por uma reacção atempada aos problemas de segurança no continente africano, evitando a sua deterioração para níveis insuportáveis.