A Mauritânia, um grande país desértico esparsamente povoado, está a efectuar eleições para o Senado como parte de um processo desencadeado por um golpe. Trata-se agora de colocar o poder nas mãos da população civil.
Cerca de três mil e 700 conselheiros municipais votaram para escolher os 56 senadores mauritanianos. Os resultados só serão conhecidos dentro de vários dias. Este tratou-se do último passo do processo eleitoral que culminará com as eleições presidenciais do próximo mês de Março. O analista político local, Racine Sy declarou-nos que os mauritanianos estão contentes com o desenrolar destes processos eleitorais: ”Trata-se de algo de novo. Durante muitos anos pensaram que eleições livres e democráticas não poderiam acontecer neste país.”
Um observador regional, Bob La Gamma, da organização Conselho para a Comunidade das Democracias com sede aqui nos Estados Unidos, declarou que o progresso democrático na Mauritânia poderá traduzir-se por avanços semelhantes noutros países: ”A Mauritânia é muito significativa no contexto mais amplo da democratização em África visto que é um país fronteiriço na charneira entre a África do Norte e a África sub-saariana.”
La Gamma acrescentou que esta votação para o Senado foi muito competitiva à semelhança do que aconteceu com as eleições legislativas do ano passado: ”É de esperar que vários partidos estejam a competir pelo poder. Nenhum deles dominará. Portanto, compromissos e a formação de coligações poderão estar no futuro da Mauritânia.”
Os partidos políticos de Amed Ould Dadah e Moamed Ould Haidalah conseguiram obter bons resultados nas eleições legislativas e espera-se que dominem também estas eleições para o senado. Aqueles líderes são também os dois principais candidatos à presidência. De salientar que os líderes da junta militar que derrubou o antigo presidente Ould Taya, em Agosto de 2005, não se apresentam a estas eleições. O ex-líder mauritaniano continua no exilio, mas apoiantes seus concorreram com relativo sucesso às recentes consultas eleitorais.