O governador do Estado americano do Novo México, Bill Richardson, visitou a região sudanesa de Darfur, na terça-feira, numa tentativa para tentar convencer os grupos rebeldes a concordarem com o estabelecimento de um cessar-fogo de 60 dias com o governo sudanês.
Richardson encontra-se no Sudão à frente de uma delegação da Coligação Salvem Darfur, uma organização que tem a sua sede nos EUA.
O governador Richardson espera poder persuadir o presidente sudanês, Omar al Bashir, a desistir da sua resistência à presença de uma missão de manutenção da paz na ONU em Darfur. Richardson, antigo embaixador americano junto das Nações Unidas, tem também a esperança de mediar um cessar-fogo entre o governo sudanês e os grupos rebeldes.
Richardson reuniu-se com o presidente al Bashir, em Cartum, na segunda-feira, mas não fez referência a qualquer progresso relativamente à aceitação da presença das forças da ONU, que o Sudão comparou a forças coloniais.
Na terça-feira, o governador do Novo México centrou os seus esforços em tentar convencer os fragmentados grupos rebeldes de Darfur a aderir ao processo de paz. Disse Richardson: “ Primeiro, os combates não pararam. Existe o caos nalgumas áreas. Os mais importantes passos que demos hoje foi sublinharmos aos rebeldes a necessidade de serem parte do processo de paz. E exortámo-los a aderir às conversações de paz”.
O Sudão tem prosseguido uma campanha militar contra a Frente Nacional de Redenção, uma coligação de grupos rebeldes que se têm recusado a assinar o acordo de paz de Darfur.
As facções rebeldes na região dividiram-se ainda mais nos últimos meses, complicando mais os esforços para mediar um cessar-fogo.
Espera-se que o governador Richardson pressione abertamente no sentido de ser autorizado o envio das tropas da ONU, isto apesar da grande resistência do Sudão face àquela missão.
O Conselho de Segurança da ONU votou, em Agosto do ano passado, o envio de mais 20 mil tropas para Darfur com o objectivo de substituir a missão da União Africana, que se tem debatido com dificuldades de financiamento e de falta de autonomia.
O Sudão concordou que a ONU forneça apoio técnico e logístico à força da União Africana, que é constituída por apenas sete mil homens que patrulham aquela região remota do tamanho da França.
Em Setembro do ano passado, Richardson negociou com êxito a libertação de um jornalista americano que havia sido preso em Darfur, acusado de espionagem, depois de ter entrado no Sudão sem visto.
O conflito de Darfur que, em breve, vai entrar no seu quarto ano começou quando rebeldes atacaram posições do governo. Os rebeldes criticavam o poderoso governo central de manter subdesenvolvida a região de Darfur.
O governo sudanês é acusado de ter armado milícias árabes para esmagar a rebelião dos africanos de Darfur. Crê-se que, pelo menos, 200 mil pessoas terão morrido até agora, devido aquele conflito. Mais de dois milhões e meio de outros habitantes de Darfur estão desalojados ou então refugiados no vizinho Chade.