Os comandantes da força europeia de reacção rápida que se encontram na República Democrática do Congo estão em crer que a segunda volta das eleições presidenciais, a ter lugar no domingo, irão decorrer de uma forma muito mais pacífica do que a primeira volta, altura em que à revelação dos resultados se seguiram confrontos mortíferos na capital daquele país.
O comandante da força, conhecida pela sigla EUFOR, o general Karl Heinz Viereck, afirma que as suas tropas, com oitocentos homens em Kinsahsa e mil e 200 posicionadas junto ao Gabão, estão agora mais bem preparadas para enfrentar qualquer vaga de violência: “Estou muito confiante, desde que não cometamos os mesmos erros que aqui cometemos. Por isso, espero que todos tenham aprendido com a última experiência e iremos tomar isso em consideração quando for a segunda volta das eleições. Não gosto de especular sobre o que vou fazer. O que digo é que iremos executar a missão necessária, mas depois de analisar a situação cuidadosamente”.
Os guardas da segurança pessoal para os dois principais candidatos, do presidente Joseph Kabila e do vice-presidente Jean-Pierre Bemba confrontaram-se em Kinshasa, em Agosto, quando foram revelados os resultados da primeira volta, confrontos que provocaram a morte a cerca de duas dezenas de pessoas: “Não estamos aqui para a evacuação. Estamos aqui para apoiar a campanha eleitoral e tudo indica que teremos umas eleições bem sucedidas. Nós damos o nosso melhor para garantirmos ao povo de que tem uma boa hipótese de votar naquela data e de que a sua voz irá ser ouvida. É para isso que aqui estamos”.
A EUFOR foi também criticada pelo facto de um avião telecomandado que utiliza para fins de vigilância se ter despenhado, matando duas pessoas.
O comandante da força táctica, o general Christian Damay disse que a queda do avião foi um acidente: “Tomámos todas as medidas necessárias para corrigir isto. Agora os aviões telecomandados estão a a voar. Ontem efectuamos um voo com autorização das autoridades congolesas. Por isso, tudo voltou à normalidade.”
Bemba, um antigo líder rebelde que obteve 20 por cento dos votos na primeira volta das presidenciais, é muito popular entre a população de Kinshasa e noutras zonas do Ocidente do país, incluindo as que boicotaram a primeira volta. Kabila tornou-se presidente quando o seu pai, o antigo líder golpista Laurent Kabila, foi assassinado. Durante a primeira volta, o actual presidente Kabila obteve a quase maioria dos votos na região Leste do país. Desde então, aliou-se aos candidatos que se colocaram em terceiro e quarto lugar durante a primeira volta.
A rica região mineira do Congo tem uma história brutal, marcada pela delapidação dos recursos naturais, beneficiando líderes corruptos, comerciantes estrangeiros, acentuando ainda mais as assimetrias sociais locais.