Annan Critica o Sudão por Não Autorizar Força de Paz da ONU

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, manifestou preocupação sobre a recente recusa do Sudão em permitir que a força de manutenção da paz da União Africana se mantivesse em Darfur ao abrigo de uma nova força. Annan disse a jornalistas, na cidade costeira egípcia de Alexandria, que a decisão do Sudão não foi “inteiramente positiva” e advertiu o governo de Cartum para as consequências.

Kofi Annan afirma que a recusa do Sudão em aceitar uma força de paz conjunta, ao abrigo do contrlo da ONU, poderá ter consequências trágicas para quela conturbada região:

“Pensei que as tropas iriam ficar, mas, aparentemente, vão partir todas, o que deixa suspensa no ar a questão de se saber o que é que acontece às populações desalojadas internamente e às pessoas que necessitam de ajuda em Darfur. A comunidade internacional tem vindo a alimentar e a ajudar cerca de três milhões de pessoas que se encontram em acampamentos e noutros locais a agências tiverem que sair devido à falta de segurança e à falta de acesso às populações, então o que é que acontece?”

O Sudão apresentou, na segunda-feira, um ultimato à União Africana de encontrar mais fundos para continuar em Darfur ou,então, abandonar a região. A União Africana havia dito não poder continuar a manter as forças de paz sem apoio financeiro extra para reforçar o seu orçamento.

Por seu lado, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução, na semana passada, que propunha que o controlo das forças de manutenção da paz fossem transferidas do actual comando da União Africana para as Nações Unidas.

Mas, o Sudão recusou-se a autorizar uma força de manutenção da paz conjunta com as tropas da União Africana sob o controlo da ONU, afirmando que isso resultaria no objectivo de Washington que é a mudança de regime no Sudão. Annan advertiu o Sudão de que poderá ser responsabilizado pelas suas acções: “O governo terá que assumir responsabilidade pelo que fez e, se não for bem sucedido, terá que responder a muitas perguntas por parte do resto do mundo”.

Aquela resolução da ONU prevê o envio de 20 mil tropas para pôr fim a uma das mais graves crises humanitárias do mundo. A força da ONU teria um mandato reforçado e mais poder para travar os combates do que a força de sete mil homens da União Africana, que se viu em dificuldades para policiar uma região que, nos últimos meses, tem sido palco de actos de violência por parte de forças insurrectas.

Este conflito de Darfur, que se arrasta vai para três anos, já resultou na morte de mais de 200 mil pessoas, tendo desalojado mais de dois milhões de indivíduos.

Os rebeldes de Darfur informaram, na segunda-feira, que as forças do governo sudanês continuam a bombardear diariamente a região e que foi desencadeada uma ofensiva que se prolongou por todo o fim de semana passado.