Os EUA anunciaram, na quarta-feira, que estão a pressionar no sentido do envio de uma força de manutenção da paz das ONU para a região de Darfur até ao dia 1 de Outubro. O mandato de observadores da União Africana, que se encontra neste momento na região, termina no fim de Setembro.
Em Washington, altos funcionários da administração americana têm defendido que a questão dos “capacetes azuis” da ONU para região de Darfur continua a figurar na lista das prioridades do presidente George Bush, apesar da actual crise no Médio Oriente e acreditam que o assunto poderá, assim que for encerrado o “dossier” israelo-libanês, vir a constar da agenda do Conselho de Segurança da ONU.
Um acordo assinado em Maio último na Nigéria entre o principal grupo rebelde e o governo sudanês era suposto pôr fim à guerra civil naquela região do Sudão, conflito que já se alastra há três anos.
Mas, entretanto, a violência entre as facções rebeldes, tem agravado a situação de milhares de populações deslocadas, pondo em perigo a vida dos trabalhadores das agências humanitárias que operam na região.
De acordo com um relatório recente da ONU, pelo menos oito trabalhadores da assistência humanitária foram mortos em finais de Julho, em ataques.
Num “briefing” à imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que administração americana permanece profundamente engajada na diplomacia para o Sudão e que a Secretária de Estado Condoleeza Rice tem devotado parte do seu tempo ao assunto, paralelamente à questão da resolução da ONU para o Líbano
McCormack disse, por outro lado, que uma solução política para Darfur deve basear-se nos acordos de Maio último, mas que os Estados Unidos desejariam ver estacionada no terreno uma nova força de paz patrocinada pelas Nações Unidas e construída com base na actual missão de paz da União Africana, cujo mandato expira a 1 de Outubro próximo: “A União Africana deseja que a transferência de mandato tenha lugar a 1 de Outubro próximo. Mas essa data, para nós é muito apertada. Nós apoiamos a União Africana neste aspecto e vamos pressionar as Nações Unidas para que a transferência se processe. Mas, tudo vai, concerteza, ser feito em conformidade com os acordos de paz para Darfur para que se consiga, de facto, uma paz alargada para o Sudão no seu todo”.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou, em Maio último, uma resolução proposta pelos Estados Unidos apelando à conversão da actual missão de paz da União Africana -- integrada por sete mil “capacetes azuis” africanos, mas que enfrenta problemas de logística e financeiros -- para uma força de maior dimensão, esta com mandato e patrocínio das Nações Unidas.
O governo de Cartum designou recentemente uma comissão para estudar a questão. Funcionários americanos manifestam-se em privado confiantes de que as autoridades sudanesas irão permitir o envio dessa força para o Sudão.
Enquanto isso, “Save Darfur”, uma coligação que integra cerca de 170 organizações religiosas, activistas dos direitos humanos e de assistência humanitária, publicaram, ontem, num jornal editado numa cidade perto do rancho do presidente George Bush, no Texas, um suplemento, apelando ao líder americano para pressionar no sentido do envio de uma força das Nações Unidas para Darfur e que indigite um enviado especial para aquela conturbada região sudanesa.
O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse, a propósito, que a ideia da nomeação de um enviado especial americano para Darfur tem merecido a desaprovação da actual administração americana para evitar uma situação de duplicação de esforços no quadro das acções diplomáticas de Washington já em curso para a região.