A reunião dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança mais a Alemanha terminou, segunda-feira à noite, em Paris, sem um acordo quanto a uma resolução vinculativa sobre o Irão.
Os diplomatas continuam sem terem chegado a um acordo sobre a forma em como abordar a questão nuclear iraniana, poucos dias depois da Agência Internacional de Energia Nuclear ter declarado que o governo de Teerão está a violar a exigência das Nações Unidas para que pusesse termo ao processamento de urânio enriquecido. O último relatório daquela agência da ONU figurava no topo da agenda da reunião de Paris, que reuniu representantes dos EUA, a Grã-Bretanha, França, Alemanha, China e Rússia.
No início do dia, o subsecretário de Estado americano, Nicholas Burns, disse a jornalistas, em Paris, esperar que os governos europeus se preparem para uma resolução da ONU que proponha a aplicação de sanções contra o Irão: ”Francamente, eventualmente, neste processo diplomático, os EUA estão em crer que sanções contra o governo do Irão se justificam. Sanções para isolar o governo do Irão, para aumentar a pressão, a pressão diplomática sobre o governo iraniano para o convencer a regressar uma política mais razoável e suspender as suas actividades, participar em negociações.”
Mas, enquanto os EUA favorecem sanções contra o Irão, a China e a Rússia continuam a opor-se-lhe.
Numa reportagem publicada pelo diário de Teerão, Kayhan, o MNE iraniano, Manuchehr Mottaki, disse estar confiante de que Pequim e Moscovo não vão mudar a sua posição.O Irão anunciou também, na terça-feira, ter encontrado novos depósitos de urânio. Teerão argumenta que o seu programa nuclear tem fins puramente pacíficos e que tem o direito de prosseguir os seus projectos. Mas os governos ocidentais receiam que o Irão esteja a tentar fabricar armas nucleares.
A questão da aplicação de sanções poderá voltar a ser levantada no dia 9 de Maio durante a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros que terá lugar em Nova Iorque. Enquanto membros do Conselho de Segurança, tanto a China como a Rússia podem vetar resoluções da ONU, caso estejam em desacordo.
Se as seis nações não conseguirem chegar a acordo sobre a aplicação de sanções, afirma o analista político francês Guillaume Parmentier, existem muito poucas alternativas diplomáticas para punir o Irão:”Sanções unilaterais estão fora de questão, porque os americanos sabem que sanções unilaterais prejudicam as empresas americanas. Não é uma boa ideia.”
Parmantier, que dirige o Centro Francês sobre os EUA, um instituto de estudos com a sua sede em Paris, afastou também a hipótese dos EUA optarem por uma alternativa militar: ”Ouvem-se armas de guerra em Washington, mas isso não significa nada nesta fase. Está fora de questão uma ocupação do Irão por parte dos EUA. Os EUA não estão numa posição militar para fazer isso.”
Responsáveis americanos disseram que estão a explorar uma solução diplomática para resolver a disputa sobre o programa nuclear americano, mas disseram também que todas as opções estão a ser consideradas, incluindo a opção militar.