Um Dia Sem Imigrantes nos EUA

Por entre um aceso debate sobre a imigração ilegal nos EUA, milhões de imigrantes fizeram greve aos seus postos de trabalho ou reduziram-no para se manifestarem ou para ficarem em casa, na esperança que esta demonstração de unidade colectiva possa ter impacto na economia americana e chamar a atenção para a sua situação.

Grupos de protecção dos direitos dos imigrantes chamaram a esta campanha ”um dia sem imigrantes”. O objectivo é demonstrar que a economia americana não pode funcionar sem imigrantes, legais ou ilegais.

Várias companhias de primeira grandeza, no âmbito da economia americana, anunciaram que encerraram as suas operações antes da paralisação ter tido lugar, de companhias vinícolas da Califórnia a empresas do sector da indústria alimentar, no centro-oeste americano.

Aqui em Washington, no bairro de Adams Morgan, onde vive uma grande população hispânica, Roberto Reyes encontrava-se sentado num banco de jardim com um amigo. Jardineiro de profissão, Roberto estaria normalmente a trabalhar há hora em que o encontrámos. Mas, Reyes, que veio para os EUA proveniente de El Salvador há oito anos atrás, sentiu-se compelido a fazer greve.

Diz Reyes ”estar a cumprir a sua obrigação e, por isso, tomar parte na manifestação que vai rumar ao Capitólio. Precisamos que o governo nos ajude a nós, os imigrantes. Desejo que o governo nos estenda a mão, como o fez no passado”.

O empregado de um restaurante, Enrique Gomez, também de El Salvador, afirma que outras pessoas que conhece não foram trabalhar e que outros, receosos de perder os empregos, decidiram ficar em casa.

Diz Gomez que ”tudo depende do presidente Bush, porque é ele que está no governo e é quem irá decidir se irá ou não ajudar a população imigrante.”

A adesão a esta iniciativa sem precedentes é incerta no que toca a número de pessoas que participaram. Alguns líderes hispânicos exortaram os imigrantes a ir trabalhar, como habitual, e a tomarem parte em manifestações e comícios depois dos seus empregos.

Um encarregado de serviços de limpeza, que se identificou como sendo apenas ”Charles”, disse que nenhum dos seus empregados faltou ao serviço na segunda-feira:”Temos a boa sorte de ter bons empregados. Toda a gente está mais preocupada em como ganhar o sustento para as suas famílias, em vez de se manifestarem”.

”Um dia sem imigrantes” é a mais recente de uma série de grandes manifestações levadas a cabo por grupos de apoio aos imigrantes nos EUA. Os que querem disciplinar o sistema têm também realizado manifestações, como é o caso de Howard Davis, do Texas: ”Uma manifestação de imigrantes é negativa, tanto quanto posso entender. Eles são imigrantes ilegais e, para começar, nem deveriam estar aqui.”

As sondagens mostram que a questão da imigração é uma questão que divide os americanos e o Congresso ainda não conseguiu chegar a um acordo quanto a uma lei que visa legalizar a permanência no país de cerca de 11 de milhões de imigrantes ilegais.