A França Perante Crescente Vaga de Racismo

Milhares de pessoas participaram em manifestações nas principais cidades francesas para protestar contra sinais de crescente racismo naquele país na sequência do brutal assassinato de um jovem judeu no início deste mês.

Centenas de pessoas superlotaram a Praça da República, a Norte de Paris, numa tarde brutalmente fria para participarem numa marcha silenciosa contra o racismo e o anti-semitismo. A manifestação reuniu algumas das principais figuras políticas e religiosas de França, incluindo o ministro do Interior, Nicholas Sarkozy.

A manifestação realizou-se quase duas semanas depois do rapto, tortura e assassinato de um vendedor de telefones, Ilan Halimi.

As autoridades francesas afirmam que Halimi foi escolhido em parte porque era judeu e os alegados perpetradores assumiram que teria dinheiro ou que elementos da comunidade judaica francesa iriam pagar um vultuoso resgate.

O assassinato de Halimi chocou a França. Na manifestação realizada em Paris, o médico francês Albert Herkowicz, de 55 anos de idade, afirma estar convencido de que o anti-semitismo continua a ser um grave problema em França.

Herkowicz, que é judeu, pensa que existe uma atmosfera preocupante de ódio, não apenas contra os judeus, mas contra os imigrantes em França. É muito desagradável, disse ele, dizendo acreditar que sentimentos racistas são partilhados não apenas pela extrema direita, mas também por um pequeno sector de extremistas islâmicos que vivem em França.

Clemence Slama, de 68 anos de idade, ostentava um cartaz com a fotografia de Halimi com os dizeres ”O nosso filho assassinado”.

”É horrível, diz Slama, referindo-se ao brutal assassínio de Halimi. Ela diz sentir-se mal ao pensar no que aconteceu. Os que mataram aquele jovem não são seres humanos, só podem ser animais”.

Até agora, as autoridades francesas detiveram doze pessoas suspeitas de estar relacionadas com aquele crime.

A França foi atingida por uma vaga de anti-semitismo, há anos atrás, coincidindo com os confronto israelo-palestiniano. Informações referem que o número de incidentes diminuiram durante os últimos dois anos. Mas, muito franceses não são dessa opinião. Uma sondagem publicada no domingo revelou que metade dos inquiridos estão em crer que a França está perante uma crescente vaga de racismo e anti-semitismo.