A recente divisão no seio do Movimento para a Mudança Democrática no Zimbabwe colocou a oposição em dificuldades. No entanto, parece ter aparecido uma figura que aspira a liderar o processo político.
Arthur Mutambara é um antigo líder estudantil que é agora reconhecido como um dos mais destacados cientistas africanos.
Há 15 anos atrás, na Universidade do Zimbabwe, Mutambara foi o líder da oposição estudantil contra a ZANU/PF no poder.
De acordos com os registos da universidade, Mutambara foi um brilhante estudante de engenharia, que obteve todas as bolsas de estudo a que concorreu.
Depois de ter completado o seu doutoramento na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, frequentou o Instituto de Tecnologia de Massachussets (o MIT) e tornou-se professor de diversas universidades nos EUA. Ao contrário de muitos académicos africanos, Mutambara esteve sempre apostado em regressar a casa.
Durante o fim de semana regressou ao Zimbabwe, proveniente de Joanesburgo, onde lidera uma instituição científica africana, para conversações com os líderes de uma facção do Movimento para a Mudança Democrática. Alguns membros desta facção querem que Mutambara se candidate a presidente do principal partido da oposição.
Na segunda-feira, Mutambara confirmou o seu regresso à cena política zimbabweana e disse desejar que o entusiasmo de uma nova liderança que, na sua opinião, não foi prejudicada pelos actuais desacordos, irá tornar possível a unificação das duas facções do Movimento para a Mudança Democrática.
De acordo com a constituição daquele movimento, quaisquer das 12 províncias zimbabweanas terão que nomeá-lo e autorizar os seus delegados a participarem no congresso do partido que, no próximo domingo, irá eleger um novo presidente.
Se conseguir obter o apoio necessário e ganhar a votação, analistas afirmam que o seu passado político, a sua craveira intelectual e a sua reputação enquanto líder seriam ingredientes capazes de fazer reviver a oposição zimbabweana, que se encontra num impasse, e poderia levar as duas facções desavindas a reunirem-se.
A facção do Movimento para a Mudança Democrática liderada pelo presidente Morgan Tsvangirai recusou-se a comentar a súbita reentrada de Mutambara na cena política oposicionista zimbabweana.
A facção de Tsvangirai vai realizar o seu congresso no próximo mês, mas ele será por certo candidato à reeleição.
O Movimento para a Mudança Democrática dividiu-se em Outubro do ano passado sobre questões que se com a interpretação da constituição do partido.
Tsvagirai disse que, muito embora uma estreita maioria dos líderes do partido tenham votado a favor da sua participação nas primeiras eleições de sempre para o Senado, em Novembro último, o partido não deveria ter tomado parte na votação. Disse ele que a participação foi uma perda de dinheiro e que a corrida eleitoral não foi justa.
A maior parte dos líderes do movimento revoltaram-se contra Tsvagirai, afirmando que ele desafiou a constituição do partido. Foi então que o movimento se dividiu em duas facções, cada uma delas reivindicando ser a autentica.
O secretário jurídico do Movimento para a Mudança democrática, David Coltart, que se manteve à margem da disputa está a tentar arranjar o que descreveu como um divórcio amigável entre as duas facções.