Testemunhos não confirmados dos detidos

A administração do presidente George Bush disse ontem que relatório das Nações Unidas criticando a política dos Estados Unidos no centro de detenção de suspeitos terroristas na base americana na Baia de Guantanamo, está baseado em insinuações e rumores.

O relatório elaborado pela Comissão dos Direitos Humanos da ONU alega praticas de tortura naquele centro de detenção e recomenda inclusive o seu encerramento.

De acordo com o departamento de estado, os investigadores da Comissão dos Direitos Humanos da ONU fizeram no passado trabalho de reconhecido valor na denuncia dos abusos dos direitos humanos, o que não foi, e citamos o caso do relatório sobre o Centro de Detenção de suspeitos terroristas de Guantanamo, documento esse que segundo Washington, baseou-se em testemunhos não confirmados dos detidos e dos seus respectivos advogados.

Os comentários do departamento de estado seguem-se à publicação pela imprensa de excertos do documento, que devera ser oficialmente tornado publico durante a próxima reunião da Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos agendada para 13 de Marco próximo em Genebra, Suíça.

Entre outros aspectos, os cinco investigadores da ONU acusam o pessoal do centro de Guantanamo de torturarem os detidos, incluindo a alimentação forçada dos que optaram pela greve de fome, para alem de exporem os presos a sessões prolongadas de isolamento.

O documento que temos estado a fazer referencia acusa por outro lado os Estados Unidos de violações sistemáticas do direito dos detidos a um julgamento justo, a liberdade de religião, para alem de questionar a existência legal daquele centro de detenção, aberto no inicio do ano 2002, cujo encerramento imediato exigem.

Aqui em Washington, e numa conferencia de imprensa, o porta voz do departamento de estado, Sean MaCormack criticou os especialistas da comissão por terem segundo ele rejeitado um convite para visitarem o centro de Guantanamo, alegando que o relatório peca, pelo facto dos investigadores terem declinado o convite em questão e consequentemente desperdiçado uma oportunidade de recolha dos depoimentos no local.

‘Fizemos uma oferta na melhor das intenções, baseado nas obrigações internacionais e também na nossa política domestica. E gostaríamos que fossem os relatores do documento a apresentarem a situação o quanto factual fosse possível, pelo que teriam que aceitar o nosso convite de visitar a Base de Guantanamo. Assim não fizeram e como resultado estamos a ver... ou provavelmente veremos...um relatório que foi baseado em rumores e insinuações.’

Os investigadores das Nações Unidas alegam ter declinado o convite de Washington, pelo facto do mesmo não prever o contacto directo com os detidos.

O porta voz do departamento de estado, Sean McCormack disse ainda que os detidos em Guantanamo, muitos deles capturados durante a invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão estão naquele centro e citamos por uma boa razão pelo que a retenção dos mesmos protege os americanos e outros de potenciais conspirações terroristas.

De acordo com números do Pentágono, cerca de 490 detidos, supostamente com vínculos a rede terrorista Al Kaida e aos Talebans encontram-se no Centro de Detenção de suspeitos terroristas da Base americana de Guantanamo, no extremo da ilha de Cuba.

Entretanto, apenas 10 dos detidos tem acusação formada e deverão ser julgados por uma comissão militar americana.