Um novo relatório das Nações Unidas revela que a economia mundial vai conhecer um ligeiro crescimento, calculado em mais de três por cento neste ano. O relatório da ONU sobre a situação e as perspectivas económicas para 2006, prevê por outro lado um melhor desempenho das economias dos países em vias de desenvolvimento, comparativamente as economias dos países mais ricos.
O relatório dá ainda conta que o mundo conseguiu reagir bem ao impacto dos desastres naturais e incidentes terroristas. Apesar disso, saliente o relatório, a economia global conseguiu mesmo assim crescer, contrariando a tendência que vinha sendo verificada desde 2004, ano em que os índices de crescimento atingiram a histórica fasquia dos quatro por cento.
Os economistas das Nações Unidas temem por outro lado que o aumento do preço do petróleo e a eclosão de uma eventual pandemia da gripe das aves, sobretudo na Europa e na América do Norte venha a ameaçar a sustentabilidade desse ainda modesto crescimento. Mas para os economistas, o maior perigo poderá estar no grande e desequilibrado crescimento das finanças globais.
O relatório que temos estado a fazer referencia nota ainda que o déficit actual dos Estados Unidos continua a aumentar a um ritmo acelerado, tendência que segundo o documento pode contribuir para a queda da confiança dos investidores no dólar e precipitar a queda do valor da moeda americana com impacto ao nível da estabilidade da economia global.
O secretario geral da Conferencia das Nações Unidas para o Comercio e o Desenvolvimento, Supachai Panitch Pakdi, disse que as grandes economias terão que coordenar as suas políticas macro-económicas para evitar que uma eventual situação do género aconteça.
‘Os Estados Unidos devem estimular a poupança familiar e reduzir o os gastos públicos. A Europa deve manter intactas as taxas de juro e estimular a demanda privada, para estimular a expansão fiscal, que me parece estar limitado em muitos países europeus. No Japão, a reforma do sector financeiro deve prosseguir. Na Ásia, o superavit dos países da região deve impulsionar os índices do investimento publico e privado e a China deve definitivamente impulsionar o consumo ...’
As Nações Unidas projectam ainda o crescimento económico entre cinco por cento e meio nos países em vias de desenvolvimento. E os países pobres vão crescer a uma media de seis ponto seis por cento, o ritmo mais acelerado de crescimento conseguido nas ultimas décadas.
Supachai é ainda da opinião que a estabilidade dos preços das matérias primas tem sido um factor relevante na recuperação económica de África. Mas adverte para sinais contrários nesse sentido.
‘Portanto, é uma medida de precaução que deve ser tida em consideração. Além disso, fazemos também referencia no nosso relatório, o facto de ser este o momento, para o surgimento dos chamados ganhos com a subida dos preços das matérias primas...eles devem considerar a hipótese de investir o resultado desses ganhos... não apenas expandindo o sector mineiro, mas através da diversificação da economia, através de mais investimentos em áreas sociais e na educação.’
O relatório das Nações Unidas sobre o panorama económico mundial, revela ainda que todos os países do Norte de África, com excepção de Marrocos, expandiram consideravelmente graças aos ganhos conseguidos com o petróleo.
Os países sub-saarianos exportadores de petróleo, que são os casos de Angola, Chade cresceram igualmente em dois dígitos, e mesmo o Sudão, a braços com um conflito conseguiu crescimentos na ordem dos sete por cento.