Os receios de uma vaga mundial de gripe acentuaram-se

Os receios de uma vaga mundial de gripe acentuaram-se em 2005, sobretudo à medida que se foram registando novos casos de gripe das aves que fez 36 mortos só no sudeste asiático, o epicentro da doença. Governos e organizações não governamentais lançaram medidas de protecção e contenção desta pandemia.

O número de mortes provocadas pela gripe das aves em 2005 ficou acima de 70, o que representa mais do que o dobro registado em todo o mundo, disseram fontes da organização mundial da saúde.

Até há pouco tempo a gripe das aves estava circunscrita ao sudeste asiático, com o Vietname registando o maior número de casos. O facto número de vítimas mortais representar mais de metade do número de vítimas registados em todo o mundo é para Gregory Poland , médico da escola de medicina da Clínica de Mayo, em Minessota, motivo de alarme.

“Se este vírus se passar a transmitir facilmente de pessoa para pessoa, teremos um desastre de proporções sem precedentes”.

Parte do seu medo decorre da deslocação de aves infectadas pelo vírus para fora da Ásia. Por altura do final do ano, aves portadoras do vírus mortal H5N1, foram detectadas na Europa e no Canadá. Nos países onde a sua presença foi registada, dezenas de milhares de aves domésticas foram mortas.

O primeiro sinal de disseminação do vírus aconteceu em Abril na província central chinesa do lago Ching-IHi, um ponto de concentração de mais de 63 espécies de aves. Um número considerável de aves morreu num espaço de poucas semanas.

Até lá a doença vinha sendo apenas vista como uma questão relativa às aves domésticas, tidas então como sendo a fonte do problema.

O porta-voz da organização mundial da saúde Dick Thompson disse que a migração das aves tem que ser acompanhada.

“Há a necessidade urgente de se registar e acompanhar o maior número possível de aves, especialmente se considerarmos o tempo que temos para o fazer, que é muito curto. Precisamos de mais informação em relação às rotas usadas pelas aves migratórias”

Para enfrentar a epidemia, a China embarcou num ambicioso esforço de vacinação de mais de 1 bilião de galinhas, patos e gansos, ou seja , 20 por cento do total de aves existentes no mundo.

A União Europeia por sua vez, baniu temporariamente a importação de aves. A corrente epidemia levantou preocupações relativas à capacidade dos sistemas de saúde pública responderem a uma pandemia desta natureza. Cerca de 3 surtos endémicos ocorreram em todo o mundo, tendo o último tido lugar há 37 anos. O secretário norte-americano da Saúde e Assistência Social, Michael Leavitt disse que a acontecer agora, um surto desta natureza pode custar a vida a cerca de 7 milhões e meio de pessoas em todo o mundo.

“Pandemias acontecem. São processos biológicos. Quando se chega a este ponto estamos normalmente ultrapassados e nunca estamos convenientemente preparados”.

Para contorno do déficit e coordenação de respostas, conferências internacionais foram realizadas em Otawa no Canadá e em Genebra na Suíça, em Outubro e em Novembro. Juntos, os peritos identificaram cinco objectivos, a saber, redução da exposição de seres humanos, reforço dos mecanismos de vigilância, relato de casos, desenvolvimento de sistemas nacionais intensificação rápida de operações de contenção e aceleração global de pesquisas tendentes a evitar-se a insuficiência de vacinas, antivirais.

O Primeiro ministro canadiano Paul Martin enfatizou a importância de trabalho de equipa a nível mundial.

“Todos os esforços, quer sejam dentro dos nossos países quer seja em cooperação uns com os outros exigem cooperação e coordenação a níveis seguramente sem precedentes. As consequências da falta de preparação do mundo, são pura e simplesmente inaceitáveis”.

Os padrões globais foram delineados pelo presidente George Bush em Setembro quando anunciou, nas Nações Unidas, uma parceria internacional de combate à gripe das aves, e a uma hipotética epidemia de gripe humana. A parceria visa levar as nações a trabalharem juntas sejam doadores, sejam países afectados.

O governo do presidente Bush pediu ao congresso 7 biliões de dólares para luta contra a gripe, sendo que uma grande porção deste montante será destinada à investigação para concepção de uma vacina. Outra parte do dinheiro servirá para o treinamento de pessoal, e expansão dos mecanismos de detecção e testes.

“Estamos a trabalhar juntos na contenção e acompanhamento da gripe das aves na Ásia, para nos assegurarmos de que ha estruturas capazes de detectarem e relatarem epidemias antes que elas escapem ao controlo do homem”.

A insuficiência de mecanismos médicos de defesa contra gripe das aves, pode comprometer o futuro. Um estudo feito pelo centro de controlo de doenças do governo dos Estados Unidos, mostrou que a resistência do vírus à medicação aumentou em 12 por cento nos últimos 10 anos. O H5N1 resiste a um dos dois principais medicamentos contra gripe, nomeadamente a amantadine. Cientistas registaram em Abril sinais de resistência ao outro medicamento o Tamiflu, que é também o medicamento mais disponível nos países mais afectados.. Pior do que isso ninguém sabe se a vacina corrente venha a resultar na luta contra o H5N!, e a vacina especificamente preparada para isto está na sua fase de estudo.

O investigar da Universidade de Maryland Daniel Perez disse que a morte de aves infectadas é uma boa medida preventiva

“Neste momento é a única arma efectiva de luta contra a gripe das aves...”