Especulações e debates políticos

Falando esta semana a um grupo de professores, o Presidente Kerekou, de 72 anos de idade, disse que não está interessado no poder político por si, acrescentando que, nas suas palavras, ”se não largas o poder, duma maneira ou doutra, o poder vai-te largar a ti”:

Durante o seu discurso, Mathieu Kerekou disse que não faz tensões de mudar a constituição abrogando o limite de dois mandatos ou o máximo de 70 anos de idade que a constituição permite para qualquer candidato concorrer.

O anuncio do líder beninense seguiu-se a especulações e debates políticos a respeito da eventualidade ou não da mudança constitucional no Benim.

O jornalista Gerard Guedegbe, beninense, disse que a incerteza estava a tornar-se perigosa:

’...o facto do Presidente Kerekou não ter tornado clara a sua posição, tinha criado alguma ansiedade política que não garantia a segurança na preservação da paz na sociedade beninense. Mas, agora que se sabe muito claramente que Kerekou não vai mudar a constituição para se candidatar, o caminho tornou-se mais aberto tanto para si próprio como para os outros políticos que têm estado desde há meses em campanha contra a mudança da constituição do Benim....

Mathieu Kerekou assumiu o poder num golpe militar em 1972,declarando o Benim um estado monopartidário marxista-leninista, tendo abandonado o poder 18 anos mais tarde sob pressão popular. Kerekou perdeu as eleições de 1991 quando foi eleito presidente do Benim, Nicephore Soglo, que tinha sido funcionário do Banco Mundial, que se manteve no poder durante cinco anos.

Entretanto, Kerekou abandonava o socialismo, apresentando-se a si próprio como cristão renascido, ganhando dois mandatos, em 1996 e 2001.Analistas regionais afirmam que se o Presidente Kerekou abandonar o poder, será um passo positivo para democracia numa região caracterizada pela falta de transição política.

O presidente chadiano, Idris Deby, ganhou recentemente um referendo que abrogou o limite de dois mandatos, enquanto no vizinho Togo, Faure Gnassingbe substituía o seu falecido pai, através de um golpe militar antes de ganhar a eleição presidencial através de tácticas fraudulentas sem desmentido. Há casos ainda em que chefes de estado não cumpriram promessas feitas ,tal como o presidente da República Centro-Africana, François Bozize, que prometeu que não iria concorrer à presidência aquando do golpe militar que chefiou. Subsequentemente, Bozize organizou eleições presidenciais que ganhou, este ano.

Mas o jornalista Gerard Guedegbe observa que Mathieu Kerekou tem sido sempre o homem da sua palavra, adiantando que de qualquer forma, ele não teria muito apoio no Parlamento para mudar a constituição.